Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Folha de S.Paulo -ELIANE CANTANHÊDE Parabéns, PT!- 10/02/2005

BRASÍLIA - Em 1985, depois de lutar pelas diretas-já, o PT renegou seu efeito: a eleição de Tancredo Neves pelo colégio indireto. Por isso, perdeu os deputados Ayrton Soares, Bete Mendes e José Eudes, que ficaram com a história, não com o partido.
Em 1988, depois de atuar a fundo na constituinte, o PT reagiu ostensivamente contra a nova Carta.
Em 1992, depois de encabeçar o processo de impeachment de Collor, o PT lavou as mãos em relação ao governo Itamar Franco -conhecido e reconhecido como de transição, uma responsabilidade de todos. Luiza Erundina, então no PT, foi punida por assumir sua cota dessa responsabilidade e virar ministra.
Aliás, todos os primeiros grandes vitoriosos para cargos executivos acabaram expelidos pelo PT. Maria Luiza Fontenelle (prefeita eleita pelo partido em Fortaleza), a própria Erundina (prefeita de São Paulo), Victor Buaiz (governador do Espírito Santo). Entre seus maiores adversários, perfilava o próprio PT.
Em 1999, depois de intensa discussão, o partido escapou de aderir ao "Fora FHC". Uma armadilha feita para o tucano, mas que mais tarde poderia ser contra o petista Lula.
E por que tanto empenho para criar a CPI do Eduardo Jorge (sem provas) e depois para abafar a do Waldomiro Diniz (com gravação e tudo)?
Foi assim, de radicalismo em radicalismo, que o PT tornou-se o partido do contra tudo e contra todos, o campeão do denuncismo e o símbolo da pureza na política. Até, evidentemente, assumir o poder.
Ao fazer 25 anos hoje, o Partido dos Trabalhadores tem uma bonita história a contar e a comemorar. Mas autocrítica não faz mal a ninguém. Uma, obrigatória, é ter sido tão implacável contra políticas, programas e parcerias que vem repetindo, um a um, às vezes sem tirar nem pôr.
Ou o PT estava errado antes, ao criticar o que tinha de ser feito, ou está errado agora, ao fazer o que condenava. Concessões fazem parte da política, mas tudo tem limite. Resta saber quais são os novos limites do PT.

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