Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Folha de S.Paulo - ELIANE CANTANHÊDE: De porta em porta - 11/02/2005

ELIANE CANTANHÊDE

De porta em porta

BRASÍLIA - Ao manter as empresas aéreas na nova Lei de Falências, Lula mandou dois recados. Um, prático: está aberta a porta para salvar a Varig. Outro, político: quem dá os passos é o ministro e vice José Alencar. Se vetasse a inclusão, Lula praticamente inviabilizaria a solução engendrada por Alencar, que prevê a conversão de dívidas da Varig com o governo em ações da companhia. Nem por isso a coisa agora é simples. Com ou sem a nova lei, os embaraços jurídicos são imensos. Mas Lula continua sinalizando que quer fazer tudo para salvar a marca, mesmo medidas heterodoxas. Se havia dúvida, foi dissipada na reunião do comando político do governo, na segunda-feira. Palocci tentando ser frio, técnico. Alencar, emocional, empresarial. Adivinha o que soa melhor aos ouvidos do presidente? Agora é encaixar toda essa disposição nos limites legais. O plano está sendo esboçado pelo Unibanco e pela consultoria Trevisan. Depois de -e se- ultrapassadas todas as barreiras legais, passa pela estatização momentânea da companhia e por investidores privados interessados em comprá-la. Há anos fala-se numa "lista de compradores", mas esse segredo parece tão bem guardado quanto o "Garganta Profunda" de Watergate. Ninguém sabe, ninguém viu. Mesmo que surjam, há empecilhos. A lei brasileira limita seriamente a participação de capital estrangeiro em empresas de aviação. Ou seja: ou há um grande investidor nacional secreto, ou as estrangeiras fariam uma "internalização" de capital, ou haveria uma "cesta" de compradores. Convenhamos: com ou sem Lei de Falências, são todas operações espetaculares para driblar uma dívida de R$ 7 bi. Alencar ganhou essa, mas vai ter muito ainda a guerrear.


A PF invadiu o TRE de Roraima e prendeu cinco pessoas. Ou seja: a polícia invadiu a Justiça. É hora de discutir limites. Em nome da moralidade, até onde pode e deve ir?

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