editorial |
O Estado de S. Paulo |
24/5/2006 |
Líderes do setor industrial aplaudiram a nomeação do economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida para a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Com essa decisão, o governo indica a disposição de "apoiar o crescimento", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Há motivos, segundo ele, para se acreditar numa alteração de rumo da política econômica. O empresário Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisa e Estatística Econômica da Fiesp, chegou a falar num "rito de passagem", iniciado com a escolha de Guido Mantega para chefiar a Fazenda e continuado com a indicação do novo secretário. Se essa avaliação for correta, resta uma pergunta: passagem para onde? Júlio Sérgio Gomes de Almeida tem aparecido na imprensa, nos últimos anos, como um crítico severo da política do Banco Central (BC). Juros altos e câmbio valorizado vêm tornando o País menos competitivo, desencorajando o investimento e destruindo empregos, segundo seu julgamento. Ele conseguiu, como diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), conquistar espaço nos meios de comunicação e impor sua presença no debate econômico diário. Criado em 1989 por um pequeno grupo de grandes empresários, o instituto era conhecido, até o fim dos anos 90, como um centro de formulação de idéias e como um núcleo de resistência do desenvolvimentismo. Gomes de Almeida contribuiu para renovar a imagem do instituto. Produziu e orientou a produção de estudos, cartas e análises distribuídos no dia-a-dia pela internet. Mas cuidou também de promover debates de maior alcance a respeito de temas de interesse da indústria. Sua última contribuição importante foi um estudo sobre a redução da competitividade industrial do Brasil. Sua experiência como diretor-executivo do Iedi é um ativo importante para um secretário de Política Econômica. Seu conhecimento do lado real da economia pode qualificá-lo para uma atuação eficiente na Fazenda, se ele dispuser do tempo necessário. Os poucos meses que restam para o atual governo não bastam para tarefa dessa dimensão. Qual o sentido, portanto, de sua escolha para o posto? Com essa decisão, dizem alguns analistas, o ministro da Fazenda e o presidente da República dão um sinal do que poderá ser um segundo mandato. É uma hipótese razoável, especialmente porque, ao contrário do que proclama o governo, não houve nos últimos três anos e meio uma efetiva política industrial. Dirigentes do setor industrial, no entanto, parecem apostar em mudanças mais próximas. Como secretário de Política Econômica, Júlio Sérgio Gomes de Almeida poderá reforçar as pressões contra a política do BC, defendendo uma redução mais abrupta dos juros básicos. Alguns talvez acreditem numa alteração da política de câmbio. As divergências entre o ministro da Fazenda e o presidente do BC, embora negadas por ambos, são indisfarçáveis. Se for esse o sentido da escolha, haverá motivos para preocupação. Qualquer ganho resultante de um enfraquecimento do BC será apenas aparente. Qualquer incerteza sobre a política antiinflacionária terá custos elevados. A administração da dívida pública será mais difícil e o Brasil ficará mais vulnerável a choques financeiros. Se prevalecer o bom senso, o Ministério da Fazenda continuará a trabalhar pela obtenção do superávit primário programado. Não haverá, nesse caso, muito espaço para a melhora do gasto público, pelo menos neste ano. Isso não quer dizer que o novo secretário seja condenado a um trabalho repetitivo. Há muito que fazer, por exemplo, na preparação do financiamento da safra 2006-2007. Pode-se pensar em melhores esquemas de crédito para a indústria e para a exportação. É possível e necessário preparar o terreno para uma política de crescimento com segurança nos próximos anos. Para montar uma boa agenda, no entanto, o novo secretário terá de contrariar as expectativas de quem hoje aplaude a sua nomeação. Terá de mostrar, em resumo, que não atuará como um representante da indústria instalado no Ministério da Fazenda. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, maio 24, 2006
O papel do novo secretário
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