| A lógica da impunidade |
| Dom Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra, vai ou não rezar uma missa para encomendar a alma do soldado morto? |
| Por Reinaldo Azevedo Sou tentado a endossar as palavras desse inacreditável Jaime Amorim, o chefão do MST em Pernambuco. Também acho que o MST não tem nada a ver com a morte de um soldado e a tortura de outro. De fato. A verdadeira responsável pelos crimes é a impunidade. Quem comanda a impunidade é o governo federal. Quem comanda o governo federal é Lula. O resto é silogismo, leitor amigo. Os sem-terra desrespeitam a lei de forma sistemática, continuada e pública. Nada acontece. Ao contrário. O governo prevarica e não aplica a lei antiinvasão. Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, já pregou a acomodação tática da Constituição na relação com o MST. Há dias, Lula foi abraçar os invasores da Veracel. Miguel Rossetto, o ministro do Desenvolvimento Agrário, foi à inauguração de uma Escola Superior de Invasões e aplaudiu líderes que defendiam a ocupação de “latifúndio produtivo”, não atentando para a contradição dos termos. O MST impõe leis próprias nos territórios que domina. Ali, não vigem as leis do Brasil. São terras descontínuas de um outro país. Duvido, de fato, que o comando do movimento ache que já chegou a hora de matar policiais. Ainda não. Os assassinos o fizeram porque o ambiente em torno lhes disse que podiam, já que eles podem qualquer coisa e nada acontece. A propósito, quem aparece negando vínculos com as mortes é justamente Jaime Amorim. Se a gente souber quem é Amorim, todo o resto fica claro. Culpar quem?
São inúmeras as histórias, e o jornalismo não se interessa muito por elas, de ajustes de contas que os sem-terra promovem entre si, ora em guerras internas, ora envolvendo grileiros e até proprietários. E todos se mostram interessados em manter longe a lei e a polícia. É um Estado paralelo, onde o MST exerce as funções de Executivo, Legislativo e Judiciário, tendo João Pedro Stedile como juiz supremo, chefe do Parlamento e líder da, literalmente, oligarquia a que pertencem ele próprio, Gilmar Mauro e Jaime Amorim, dentre outros. Raul Jungmann, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, vai ao ponto quando vê aí o que pode ser uma antecipação do Abril Vermelho prometido pelo MST. Ora, dirão, isso é crime comum; não tem nada a ver com a ação em favor da reforma agrária. Não importa o que motivou a ida dos policiais ao assentamento nem saber se os que mataram um soldado e torturaram outro estavam ou não numa disputa por terra. A questão a ser abordada é o ambiente que lhes disse ser isso possível. O sr. Jaime Amorim, como sói acontecer quando o MST ultrapassa toda e qualquer linha do razoável na disputa política — afinal, o movimento, mesmo sem ser legal, é político, certo? —, se apressa em dizer que nada tem com isso, que sua própria gente deu queixa à polícia contra os perseguidos. Faz de conta que se trata de um confronto entre PMs e um assentado convertido ao banditismo puro e simples. Amorim, que integra um movimento que não respeita a lei, também não respeita a inteligência do próximo: um policial foi morto e outro foi torturado num território controlado pelo Estado paralelo chamado Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Quem é ele?
E, se me permitem uma indagação, lá vai: dom Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra, vai ou não rezar uma missa para encomendar a alma do soldado morto? Pois é: me dou conta de que nem mesmo sei se, para dom Tomás, policial também tem alma.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.