
Sharon e Abbas anunciam cessar-fogo
DA REDAÇÃO
O premiê de Israel, Ariel Sharon, e o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, anunciaram ontem um cessar-fogo para interromper a violência que já dura mais de quatro anos na região.
Apesar dos discursos positivos e do aperto de mãos dos dois líderes, o cessar-fogo, assim como tréguas anteriores, corre o risco de fracassar. Grupos terroristas palestinos afirmaram ontem que não têm nenhum compromisso com o fim dos ataques. E não foi assinado nenhum documento formal para decretar a trégua.
O anúncio foi feito em cúpula no balneário de Sharm el-Sheik (Egito), da qual participaram o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e o rei Abdullah, da Jordânia.
"Hoje, no meu encontro com o presidente Abbas, nós concordamos que todos os palestinos interromperão a violência contra todos israelenses em todas as partes e, ao mesmo tempo, Israel cessará suas ações militares contra todos os palestinos em todos os lugares", disse Sharon.
"Pela primeira vez há esperança para a nossa região de um futuro melhor para os nossos filhos e netos. Nós temos de agir com cautela. É uma oportunidade muito frágil. Apenas com o fim do terror poderemos construir a paz", disse o premiê. "Israel pretende honrar o direito dos palestinos de viver em independência e com dignidade", acrescentou, pedindo ainda a todos os presentes que "declarem que a violência não terá permissão para matar a paz".
Abbas, por sua vez, afirmou: "Nós chegamos a um acordo com Sharon para cessar todos os atos violentos contra israelenses e palestinos onde quer que estejam". O presidente da ANP disse ainda que a paz significa o estabelecimento de "um Estado democrático palestino ao lado de Israel".
"A calma que prevalecerá em nossas terras a partir de hoje é o começo de uma nova era", disse.
O encontro histórico foi o primeiro envolvendo Sharon e Abbas -na época premiê- desde 2003, quando os dois se reuniram em Ácaba (Jordânia) para lançar o "Mapa do Caminho" (plano de paz apoiado pelos EUA).
Mas desta vez o cenário é diferente, porque não havia mais a sombra de Iasser Arafat, morto em novembro, visto com desconfiança por americanos e israelenses. Além disso, agora Abbas conta com o aval popular, pois foi eleito presidente da ANP em votação democrática há um mês.
Sharon, na cúpula de ontem, convidou Abbas para se reunir com ele em seu rancho em Israel. O presidente da ANP aceitou e, segundo o chanceler palestino, Nabil Shaat, o encontro pode ocorrer em breve. Os dois também irão a Washington separadamente para se reunir com o presidente dos EUA, George W. Bush.
Em Roma, a secretária de Estado Condoleezza Rice, que esteve nesta semana no Oriente Médio, disse que enxerga uma "vontade de paz" na região, mas advertiu que os palestinos devem agir com firmeza para conter a violência contra Israel e contra a sua própria população. Rice admitiu que há limites para a ação das forças de segurança palestinas. "Mas há lugares onde elas podem agir."
Como parte das iniciativas de confiança mútua, que visam a retomada do processo de paz, Sharon disse a Abbas que libertará 900 prisioneiros e transferirá o controle de cinco cidades palestinas na Cisjordânia, começando por Jericó. Os palestinos defendem um número mais amplo de presos libertados.
Reações
Em Londres, o chanceler Jack Straw afirmou que o Reino Unido está disposto a fazer o possível para ajudar os dois lados. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Joshka Fischer, disse que seu país apóia os esforços americanos para resolver o conflito israelo-palestino.
Nas ruas, palestinos e israelenses se mostraram céticos com as promessas de seus líderes no Egito. As transmissões dos discursos de Abbas e de Sharon despertaram pouca atenção. Zaki Issa, 72, dono de um restaurante em um campo de refugiados perto de Ramallah (Cisjordânia), afirmou: "A vida aqui é um inferno, uma cadeia, aceito qualquer solução". O israelense Yonatan Abukasis, que perdeu uma filha de 17 anos em atentado palestino, disse que ainda tem "esperança" na paz.
Egito e Jordânia
Mubarak e Abdullah afirmaram ontem que enviarão para Israel seus embaixadores. Eles haviam sido retirados no fim de 2000 após o agravamento da violência. Israel gostou da decisão, mas criticou a ausência de uma data.
Com agências internacionais
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