O Estado de S.Paulo - 16/12
E
m 2010, a eleição nos Estados apontou para a continuidade. Dos 27
governadores, 20 concorreram a um segundo mandato, e 13 deles foram
reconduzidos ao cargo. Outros três elegeram seu candidato. Para 2014, a
bússola virou de ponta-cabeça. Dos 15 governadores aptos à reeleição, só
três podem confiar que estão no rumo certo para voltar ao palácio
depois de passarem pelas urnas.
A pesquisa CNI/Ibope divulgada na
sexta-feira forneceu o melhor mapa da sucessão estadual até agora. Pela
primeira vez em três anos, todos os governadores foram avaliados
simultaneamente. A sondagem não perguntou em quem o eleitor pretende
votar, mas revelou o que os governados acham de seus governantes - e
essa opinião é menos volátil que a intenção de voto.
A principal
conclusão é que o ranking de 2013 é muito pior para a maioria dos
governadores do que foi o de 2010:11 estão devendo, 9 estão numa zona
que não pode ser chamada de conforto, e, dos 7 que estão realmente bem
avaliados, 4 não são candidatos. A chave da pesquisa é o saldo de
avaliação. Na eleição passada, ele mostrou-se o melhor fator para prever
o resultado das urnas.
O saldo de avaliação é o que sobra, ou
não, da popularidade do governador após levar-se em conta as opiniões
negativas: é a taxa de ótimo e bom, descontada a de quem acha o governo
ruim ou péssimo. Essa classificação é melhor do que a simples pontuação
pela taxa de ótimo/bom porque considera também o tamanho e a intensidade
da oposição ao governante avaliado. Carma pesa.
Em 2010, o saldo
médio dos governadores era de 31 pontos positivos - uma festa. Agora, é
de 4. Quase um velório.Na eleição passada, nove governadores tinham
saldo igual ou superior a 45 pontos. Foi a nota de corte: todos se
reelegeram (7) ou elegeram seus candidatos (2). Hoje, só três
governadores estão nessa faixa de quase certeza.
Omar Aziz
(PSD-Amazonas) tem 67 pontos de saldo de avaliação, mas não pode se
candidatar, mesmo estando há apenas quatro anos no cargo: era vice de
Eduardo Braga, e teve que assumir o governo em 2010. Concorreu e se
elegeu para o segundo mandato. Divide-se, agora, entre apoiar seu vice
ou seu antecessor.
Tião Viana tem o 2º maior saldo, 48 pontos, e
deve concorrer à reeleição. Tenta uma façanha: o quinto mandato seguido
do PT no governo do Acre. Eduardo Campos (Pernambuco) está em 3º lugar
no ranking, com 45 pontos. É o candidato do PSB, mas a presidente.
A
seguir aparecem quatro governadores com saldos entre 31 e 38 pontos.
Dois deles não podem se recandidatar: André Puccinelli (PMDB), no Mato
Grosso do Sul, e Antonio Anastasia (PSDB) em Minas Gerais. Os outros
dois disputam a reeleição: Beto Richa (PSDB) no Paraná, e Renato
Casagrande (PSB), no Espírito Santo.
Em 2010, havia sete
governadores nessa situação: cinco se reelegeram, um perdeu e o terceiro
não influiu. Ou seja, Richa e Casagrande têm boas chances de voltar ao
governo, mas, como João Cahulla provou em 2010, imprevistos acontecem.
Junto com Viana, são, hoje, os três governadores mais perto de se
reelegerem.
A terceira faixa tem nove governadores com saldo de
aprovação entre zero e 18 pontos. É uma zona arriscada. Na eleição
passada, dos sete que estavam nesse patamar, só um se reelegeu. Estão
nessa zona de perigo os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT).
Abaixo deles no
ranking há 11 governadores com saldo negativo - dos quais seis poderiam
se candidatar à reeleição, pois estão no primeiro mandato. Mas eles
correm alto risco de fracasso: nenhum governador devendo popularidade se
reelegeu em 2010. Aos 11, só lhes resta mudar a imagem de seus governos
em poucos meses. Para eles o tempo urge mais do que para os outros.