FOLHA DE SP - 16/12
O
PSDB apresenta amanhã, em Brasília, as primeiras ideias colhidas em
encontros regionais, que, acreditamos, podem representar as bases de uma
nova agenda para o Brasil.
Não se trata de um diagnóstico
técnico ou um programa de governo, mas de reivindicações, cobranças,
expectativas e sentimentos vindos dos quatro cantos do país, que
constituem pontos de partida para o aprofundamento do diálogo com os
brasileiros.
Nesse tempo, fomos honrados com a preciosa
interlocução de cidadãos, profissionais e militantes das mais diversas
causas. E mergulhamos em alguns dos grandes desafios das regiões.
Constatamos que as urgências de dez anos atrás permanecem as mesmas de
hoje. E vimos surgir novos desafios.
Testemunhamos a luta diária
das famílias nordestinas, vítimas e reféns da seca e os limites do atual
projeto de gerenciamento da pobreza extrema, sem horizonte concreto
capaz de libertar e habilitar uma nova cidadania.
Fomos
impactados pela tragédia de milhares de vidas perdidas impunemente nas
grandes cidades, em um país que não tem sequer um arremedo de política
nacional de segurança, e pelo desastre cotidiano de um sistema de saúde
abandonado em macas pelos corredores de hospitais superlotados, em filas
imensas, em demora, desvios e desrespeito.
Foi possível ver de
perto, no Centro-Oeste, a contradição entre a alta produtividade
brasileira da porteira para dentro e os gargalos da infraestrutura
precária que se eternizaram da porteira para fora, travando nosso
desenvolvimento.
É desolador constatar o declínio da indústria de
transformação e a extinção dos melhores empregos e como fazem falta ao
país o direito básico do cidadão de ter acesso a uma educação de
qualidade, os anos perdidos em escolaridade e uma mão de obra mais
qualificada.
Dos inúmeros fragmentos de esperanças irrealizadas
foi possível modelar uma paisagem de desafios reais a serem vencidos.
Nela, descobre-se que as grandes conquistas nacionais não foram
suficientes para acolher todos os brasileiros e grande parte dos nossos
ficaram e continuam pelo caminho.
Descortina-se um país inteiro
ainda a ser construído, que demanda a superação do "nós e eles",
estimulado pelo poder central, e a construção de uma inédita
convergência em torno das grandes causas nacionais. Para isso, é preciso
desprendimento, espírito público e generosidade. A formatação de um
novo diálogo nacional tornou-se imprescindível para que a lógica das
decisões do poder público, tantas vezes distante da realidade, ganhe
legitimidade e efetiva participação da cidadania.
É hora de somar forças para a construção coletiva de um novo projeto para mudar de verdade o Brasil.