COM O agravamento da crise, todos os países serão testados, agora, pelas opções políticas que fizeram nos últimos anos. Três, em especial, poderão pagar um alto preço: Rússia, Irã e Venezuela.
Governantes dessas nações compartilharam o discurso antiamericano, enquanto sustentavam sua popularidade com as receitas do petróleo. A disparada do preço do combustível nos últimos anos favoreceu o petropopulismo centralizador e as ambições geopolíticas alucinadas de líderes descompromissados com a democracia.
Tome-se o caso da Venezuela, de Hugo Chávez. Quando assumiu o governo, em 1999, o barril do petróleo valia US$ 8. Em meados de julho, chegou a US$ 147. O chavismo enriquecido atropelou a oposição doméstica, ampliou os podres presidenciais e concedeu auxílios generosos a outros países da região, como Argentina, Bolívia, Cuba e Equador.
A commodity é responsável por 94% das exportações venezuelanas e por mais de metade das receitas do governo. Para ter uma idéia do impacto possível da crise, o barril estava cotado na última sexta-feira abaixo de US$ 65. Como ocorre com as ações das Bolsas, parece não haver limites para a queda do petróleo.
A Rússia já sente o impacto da crise. Seu setor financeiro foi fortemente atingido, e sua Bolsa sofreu aguda depreciação. A reversão de expectativas atinge as pretensões geopolíticas do país. As receitas energéticas garantiram nos últimos anos mais gastos militares. A Rússia negocia com os outros países do "eixo do diesel": vendeu US$ 4,4 bilhões em armas para a Venezuela e negocia com o Irã um sistema de defesa antiaérea.
No Irã, 80% das receitas vêm do petróleo. A queda no preço do combustível tem um efeito mais explosivo no país do que as sanções que foram impostas por causa do seu programa nuclear, apoiado pela Rússia.
Unidas pelo interesse tático, as três nações desafiaram os EUA nos últimos anos e podem ser algumas de suas principais vítimas, pelo contágio econômico.