sexta-feira, dezembro 21, 2007

Justiça O indiciamento de Daniel Dantas

Na mira da PF

Dantas é indiciado por causa de lista com figurões petistas

Celso Junior/AE
Dantas: em parceria com Holder

Em maio de 2006, VEJA revelou que o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, tinha em mãos uma lista com contas bancárias supostamente mantidas no exterior por figurões da República. Encomendada por Dantas ao americano Frank Holder, ex-espião da agência de investigações Kroll, ela seria uma evidência do enriquecimento ilícito das autoridades nela mencionadas – inclusive o próprio presidente Lula. A reportagem de VEJA teve acesso à lista, sob a condição de que o nome de Dantas não fosse divulgado. Uma perícia contratada pela revista revelou, no entanto, diversas inconsistências no material, que tornaram impossível comprovar cabalmente a inexistência das contas sem ao mesmo tempo desmentir sua existência. Diante de sinais de que Dantas usava a lista como elemento de chantagem em uma disputa empresarial com fundos de pensão de estatais, VEJA revelou sua existência e apontou o banqueiro como seu autor – fato, claro, negado por Dantas. Além disso, a revista enviou, na ocasião, toda a papelada que reuniu sobre as supostas contas ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que, efetivamente, investigou o caso.

Na semana passada, ao concluir o inquérito sobre o episódio, a Polícia Federal confirmou integralmente a história de VEJA e indiciou Dantas e Holder por calúnia – crime que consiste em atribuir falsamente a alguém fato criminoso. O indiciamento de Dantas só foi possível em razão de documentos fornecidos pela revista e de depoimentos dados por seus editores. Ainda que não tenha obtido a quebra internacional de sigilo para verificar a existência das supostas contas, a PF concluiu que elas são falsas. Baseou sua decisão em "conversas informais". Elas teriam convencido os policiais de que tudo não passa de invenção do banqueiro e seu cúmplice americano. Com o indiciamento, Dantas agora pode ser denunciado pelo Ministério Público e responder a mais um processo criminal.