O fim de semana marca o final dos Jogos Pan-Americanos do Rio e parece inegável que, a partir do sucesso de sua realização, elevando a auto-estima da capital, que já havia dado demonstrações de capacidade de mobilização e contado com a solidariedade do país na campanha bem-sucedida para eleger o Cristo Redentor uma das Sete Novas Maravilhas do mundo, abrem-se novas perspectivas para o desenvolvimento do Rio, que vive um momento especial.
Os últimos meses mostraram uma reversão de expectativas com relação ao futuro do Rio de Janeiro, com o novo governo estadual assumindo como prioridade o combate à criminalidade, sem esquecer as reformas necessárias
O economista e professor da UFRJ Mauro Osório, especialista em estudos sobre o Rio, vê o estado “vivendo um momento particularmente propício de desenvolvimento econômico-social, para uma região que foi uma das que menos cresceu, entre todas as unidades federativas, desde os anos 70”.
Além do sucesso do Pan e da escolha do Cristo, que certamente ajudará a ampliar o fluxo de turistas, o economista Mauro Osório cita outras razões para essa nova perspectiva: “a ruptura que o governo Sérgio Cabral pode significar em termos da forma de gestão da máquina pública do Estado do Rio de Janeiro; o cenário de crescimento que a economia brasileira apresenta no momento; o aprofundamento dos debates regionais hoje existentes; e os mega-investimentos previstos para a região, como os vinculados aos setores de mineração e siderúrgico, petroquímico, ao arco rodoviário, ao Porto de Sepetiba e os relacionados à infra-estrutura em áreas carentes”.
Também a Macroplan, empresa de consultoria do economista Cláudio Porto, fez um estudo para o horizonte 20072027 no qual foram montados quatro cenários, e que está servindo de base para a Secretaria de Planejamento fazer um planejamento estratégico para o futuro do Estado.
Os cenários observam o contexto externo, a qualidade da gestão pública e do ambiente de negócios do Rio de Janeiro, e, entre o mais otimista, que prevê um ciclo duradouro de desenvolvimento sustentável para o estado, e cenários mais pessimistas, nos quais inércia e retrocessos internos levam a crises e decadência do estado, há uma certeza de Porto: o Estado do Rio de Janeiro pode superar os principais problemas investindo na qualidade das instituições, na articulação e cooperação entre os vários atores e na melhoria do ambiente de negócios.
Estudos recentes de diversos órgãos mostram que a cidade do Rio tem hoje o mesmo PIB que nos tempos da fusão, o que representa nada menos que três décadas perdidas. O item pior avaliado de todas as dimensões do Estado é a segurança e, em segundo lugar, sobressaise o nível de pobreza.
Há uma convergência em torno da “’violência urbana”, seguida imediatamente pela questão da “expansão descontrolada das favelas”, o que indica que os cidadãos fazem uma forte associação entre os dois temas.
O economista Mauro Osório concorda com o diagnóstico da Macroplan de que para iniciarmos no estado um círculo virtuoso duradouro, as variáveis internas determinantes não são econômicas: “A reestruturação radical do setor público do Estado e da forma de estabelecer os relacionamentos políticos é uma variável absolutamente determinante”.
No entanto, ele não acredita que o maior problema da região “tenha sido o relacionamento entre o governo federal, estadual e da prefeitura da capital”. Para ele, “a desestruturação do setor público estadual é o fator mais preponderante”. Ele cita como um, entre muitos exemplos, “o fato de que, para o tão longamente pleiteado arco rodoviário, não tínhamos feito, até o atual governo, o projeto executivo básico, tarefa que cabe ao poder Executivo estadual”.
Mauro Osório admite que a melhoria de relacionamento entre as esferas de poder, e uma maior articulação com as diversas instituições e lideranças cariocas e fluminenses é de fundamental importância. “Isso, no entanto, tem que ser feito no âmbito de uma clara definição de estratégia de desenvolvimento econômico-social, a partir de nossas potencialidades, e de mudanças de paradigmas na forma de gestão do setor público do Estado, de relacionamento com os poderes Legislativo e Judiciário e com a sociedade civil”, adverte.
O cenário otimista da Macroplan ganhou o nome de boto-cinza (Sotalia fluviatilis), que é o principal mamífero a sobreviver à degradação da Baía de Guanabara nas últimas décadas. Esse cenário prevê, além de uma forte demanda mundial por commodities e o crescimento econômico do país, uma gestão pública fluminense eficaz, com responsabilidade fiscal e instituições de qualidade. Estabilidade regulatória e políticas sociais eficazes favorecerão forte ingresso de investimentos produtivos e de infra-estrutura via PPPs.
O ambiente econômico favorável ao desenvolvimento de negócios ajudará na qualificação da força de trabalho. A melhoria da infra-estrutura, expansão do sistema logístico e do transporte de massa favorecerão o dinamismo econômico, com melhoria substancial da oferta e da qualidade de serviços públicos.
Um crescimento econômico alto e superior à média do país trará uma melhoria substancial da qualidade de vida em todo o estado. Haveria uma redução expressiva do desemprego, desigualdade social e pobreza, com forte redução da violência e criminalidade e revitalização da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. (Continua amanhã) O Centro de Estudos Interamericanos, citado na coluna de ontem, desvinculou-se da Universidade Candido Mendes em março de 2007.O economista e professor da UFRJ Mauro Osório, especialista em estudos sobre o Rio, vê o estado “vivendo um momento particularmente propício de desenvolvimento econômico-social, para uma região que foi uma das que menos cresceu, entre todas as unidades federativas, desde os anos 70”.
Além do sucesso do Pan e da escolha do Cristo, que certamente ajudará a ampliar o fluxo de turistas, o economista Mauro Osório cita outras razões para essa nova perspectiva: “a ruptura que o governo Sérgio Cabral pode significar em termos da forma de gestão da máquina pública do Estado do Rio de Janeiro; o cenário de crescimento que a economia brasileira apresenta no momento; o aprofundamento dos debates regionais hoje existentes; e os mega-investimentos previstos para a região, como os vinculados aos setores de mineração e siderúrgico, petroquímico, ao arco rodoviário, ao Porto de Sepetiba e os relacionados à infra-estrutura em áreas carentes”.
Também a Macroplan, empresa de consultoria do economista Cláudio Porto, fez um estudo para o horizonte 20072027 no qual foram montados quatro cenários, e que está servindo de base para a Secretaria de Planejamento fazer um planejamento estratégico para o futuro do Estado.
Os cenários observam o contexto externo, a qualidade da gestão pública e do ambiente de negócios do Rio de Janeiro, e, entre o mais otimista, que prevê um ciclo duradouro de desenvolvimento sustentável para o estado, e cenários mais pessimistas, nos quais inércia e retrocessos internos levam a crises e decadência do estado, há uma certeza de Porto: o Estado do Rio de Janeiro pode superar os principais problemas investindo na qualidade das instituições, na articulação e cooperação entre os vários atores e na melhoria do ambiente de negócios.
Estudos recentes de diversos órgãos mostram que a cidade do Rio tem hoje o mesmo PIB que nos tempos da fusão, o que representa nada menos que três décadas perdidas. O item pior avaliado de todas as dimensões do Estado é a segurança e, em segundo lugar, sobressaise o nível de pobreza.
Há uma convergência em torno da “’violência urbana”, seguida imediatamente pela questão da “expansão descontrolada das favelas”, o que indica que os cidadãos fazem uma forte associação entre os dois temas.
O economista Mauro Osório concorda com o diagnóstico da Macroplan de que para iniciarmos no estado um círculo virtuoso duradouro, as variáveis internas determinantes não são econômicas: “A reestruturação radical do setor público do Estado e da forma de estabelecer os relacionamentos políticos é uma variável absolutamente determinante”.
No entanto, ele não acredita que o maior problema da região “tenha sido o relacionamento entre o governo federal, estadual e da prefeitura da capital”. Para ele, “a desestruturação do setor público estadual é o fator mais preponderante”. Ele cita como um, entre muitos exemplos, “o fato de que, para o tão longamente pleiteado arco rodoviário, não tínhamos feito, até o atual governo, o projeto executivo básico, tarefa que cabe ao poder Executivo estadual”.
Mauro Osório admite que a melhoria de relacionamento entre as esferas de poder, e uma maior articulação com as diversas instituições e lideranças cariocas e fluminenses é de fundamental importância. “Isso, no entanto, tem que ser feito no âmbito de uma clara definição de estratégia de desenvolvimento econômico-social, a partir de nossas potencialidades, e de mudanças de paradigmas na forma de gestão do setor público do Estado, de relacionamento com os poderes Legislativo e Judiciário e com a sociedade civil”, adverte.
O cenário otimista da Macroplan ganhou o nome de boto-cinza (Sotalia fluviatilis), que é o principal mamífero a sobreviver à degradação da Baía de Guanabara nas últimas décadas. Esse cenário prevê, além de uma forte demanda mundial por commodities e o crescimento econômico do país, uma gestão pública fluminense eficaz, com responsabilidade fiscal e instituições de qualidade. Estabilidade regulatória e políticas sociais eficazes favorecerão forte ingresso de investimentos produtivos e de infra-estrutura via PPPs.
O ambiente econômico favorável ao desenvolvimento de negócios ajudará na qualificação da força de trabalho. A melhoria da infra-estrutura, expansão do sistema logístico e do transporte de massa favorecerão o dinamismo econômico, com melhoria substancial da oferta e da qualidade de serviços públicos.
Um crescimento econômico alto e superior à média do país trará uma melhoria substancial da qualidade de vida em todo o estado. Haveria uma redução expressiva do desemprego, desigualdade social e pobreza, com forte redução da violência e criminalidade e revitalização da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. (Continua amanhã) O Centro de Estudos Interamericanos, citado na coluna de ontem, desvinculou-se da Universidade Candido Mendes em março de 2007.