BRASÍLIA - Enquanto sambam nos blocos dos seus Estados e no meio da multidão no Congresso, entre 513 deputados e 81 senadores, os candidatos a ministérios costumam estar individualmente a salvo.
A salvo de maledicências, de investigações, de denúncias e de inquéritos policiais e do Ministério Público. Só caem coletivamente, em mensalões e sanguessugas.
Depois, os finalmente nomeados ministros entram no foco dos holofotes nacionais, e a vida fica um pouco mais difícil. Basta olhar os exemplos de quem dormia tranqüilo, assumiu cargo de destaque nacional e perdeu o sono.
Jader Barbalho passou anos e anos sossegado com seus negócios no Pará, seus contratos com a Sudam e com seus ranários. Virou presidente do Senado e a coisa mudou. Mudou tanto que foi parar nos telejornais de algemas em punho.
Roseana Sarney estava muito bem no governo do Maranhão, até virar presidenciável, passar a ser alvo e ter a vida vasculhada. A candidatura murchou sob uma pilha de dinheiro exposta ao país.
Romero Jucá seguia tranqüilo como líder do governo no Congresso, até virar ministro da Previdência e cair na malha fina das autoridades e da imprensa. O que equivale a cair na boca do povo. Saiu do ministério tão rápido quanto chegou.
E o principal exemplo é o de Antonio Palocci, que vivia sua vidinha em Ribeirão Preto (SP) com a sua turma -Buratti, Barquette e Poleto-, mas resolveu virar ministro e chegou ao inferno. Hoje, ele e os amigos estão nas garras policiais.
Portanto, antes de Lula convidar e de seus convidados aceitarem, é bom que os futuros ministros pensem bem, olhem profundamente os próprios negócios e as próprias contas, para saber se vão ou não virar manchete de escândalo. Quem gosta de Carnaval que continue na folia. Quem sai do salão para ministério deve estar prevenido.
Cai a máscara, e o ministro fica cara a cara com a multidão.
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, fevereiro 20, 2007
ELIANE CANTANHÊDE Cai a máscara
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