terça-feira, fevereiro 27, 2007

Dispersão do crime


EDITORIAL
Folha de S. Paulo
27/2/2007

A EXCELENTE notícia da ininterrupta diminuição dos homicídios em São Paulo desde 2000 não deve resultar na acomodação em relação à segurança.
A redução dos índices de homicídios em território paulista tornou-se tendência. Em 1999, pico de homicídios, foram 12.818 mortes (ou 35 para cada grupo de 100 mil habitantes). No ano passado, o número bruto e a taxa de assassinatos já haviam caído mais de 50%. Foram 6.164 óbitos (15 para cada 100 mil paulistas).
Essa evolução favorável não deve servir, obviamente, de desculpa para as autoridades baixarem a guarda. A quantidade, relativa e absoluta, de homicídios ainda é inaceitável. Há evidências, ademais, de que a geografia do crime vai se alterando, o que demanda ajustes estratégicos na política de segurança pública.
Pela primeira vez desde 1999, revelou reportagem desta Folha no sábado, um município rural, Ibiúna (a 64 km da capital), liderou o ranking estadual de taxas de homicídios. Além disso, até anteontem ao menos 27 pessoas já haviam morrido em chacinas na Grande São Paulo neste ano. Especificamente na periferia da capital, foram 16 assassinatos de 14 de janeiro a 25 de fevereiro.
Tanto a onda de chacinas como a primazia, nas taxas de homicídios, de Ibiúna (município vizinho à Grande São Paulo) refletem o mesmo movimento: a violência se torna mais pronunciada nas franjas dos grandes centros urbanos e no interior.
São em geral regiões que foram alvo de forte adensamento populacional recente -apresentam nível elevado de desagregação social e menor presença de serviços públicos. Ações bem-sucedidas nesses casos indicam que a prevenção de assassinatos inclui apreensão maciça de armas, fechamento de bares e elucidação rápida dos crimes.