Visitemos de novo o quesito educação, principal chave para o Brasil chegar ao futuro. A Coréia do Sul, há apenas duas gerações, "tinha o padrão de vida do Afeganistão de hoje e estava entre os países de pior desempenho entre os da OCDE" (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que hoje agrupa os 30 países supostamente mais industrializados do mundo). "Hoje, 97% de todas as pessoas entre 25 e 34 anos na Coréia completaram a educação secundária superior, o mais alto nível na OCDE", segundo a própria organização. Um dos fatores para o sucesso coreano, "talvez o mais importante", diz a OCDE, é que "a sociedade e os educadores jamais aceitaram as barreiras sistêmicas e estruturais que prejudicaram o aprendizado e reforçaram iniqüidades em muitos outros países". Voltemos ao Brasil e ouçamos o depoimento de Luiz Claudio de Souza, professor de geografia da rede pública paulista. "Nos dois últimos anos, houve uma prova chamada Olimpíada de Matemática em toda a rede pública. Tal prova consiste em 20 exercícios. Na escola onde trabalho, o melhor aluno acertou 11 questões apenas. A maioria acertou 5, em média. (...) Ninguém fez nada. Nenhum pai foi até a escola indignado com a educação que está sendo oferecida aos filhos. A direção e a coordenação pedagógica não convocaram os professores para tratarem do assunto. A Diretoria de Ensino e também a Secretaria Estadual de Educação não enviaram nenhuma circular. Foi como se nada tivesse ocorrido". Fecha o círculo carta de Carlos Fernando Galvão, do Rio, nove anos de casa, nove aumentos anuais, dois triênios, duas mudanças de nível, 12% de acréscimo pelo mestrado e 6% pelo doutorado. Salário líquido: R$ 1.500. "Como atrair ou reter bons profissionais assim?", pergunta. É possível chegar ao futuro? |