Antonio Palocci Filho é um novo homem desde a semana passada, depois de cumprida sua "quarentena" de funcionário. Ele deixa de receber salário, já pode trabalhar normalmente e decidiu voltar às origens para disputar uma vaga de deputado federal pelo PT em Ribeirão Preto (SP), perto dos velhos amigos da prefeitura, que, direta ou indiretamente, foram o principal fator de sua desgraça. Candidatos se expõem, dão entrevistas, defendem idéias. Como regra, eles se acotovelam na disputa por espaços na imprensa e por um lugarzinho ao sol nos programas eleitorais. Palocci, porém, anda caladão. Tudo sobre ele é atribuído a "conversas com amigos". Um desses amigos informa que o ex-homem forte da economia mora numa bela casa do bairro mais chique de Brasília, está 15 quilos mais magro, com uma barba de capuchinho e fazendo força para manter a mesma cara de bom moço e a voz sonora que usava para o público externo quando mandava e desmandava. Ao contrário de Zé Dirceu, impelido pela própria personalidade a sempre ostentar força e poder, Palocci fazia e faz o contrário: fingia e finge humildade. Na campanha de deputado, ele vai forçar o tema economia (em que se saiu bem, apesar dos ataques do seu próprio partido) e fugir do tema ético (que o derrubou, depois da manipulação dos instrumentos de Estado para quebrar o sigilo bancário de um mero caseiro). Só falta combinar com os adversários. O governo alardeia um "pacote" para melhorar as práticas políticas e tentar tirar o Congresso do fundo do poço, mas Palocci -que responde a processo na Justiça- vem aí na contramão. Ao disputar um mandato, ele na verdade busca se beneficiar de um dos principais alvos de qualquer processo moralizador: a im(p)unidade parlamentar. Está longe de ser o único. |