Folha de S. Paulo |
25/8/2006 |
Luiz Inácio Lula da Silva acaba de atingir o melhor índice de aprovação de um governante, na série histórica do Datafolha, batendo o recorde anterior, de Fernando Henrique Cardoso (52% para Lula contra os 47% que FHC chegou a obter uma vez). Aloizio Mercadante é o líder no Senado do governo que tem o recorde de aprovação. Logo, ele também deve estar roçando níveis pelo menos parecidos, certo? Errado, como todo mundo sabe. Mercadante tem apenas 18% das intenções de voto, na disputa pelo governo de São Paulo, separado de José Serra, o líder, por 30 pontos percentuais, mais do que a diferença que Lula obtém sobre Geraldo Alckmin. Tudo bem que São Paulo não é exatamente a praça forte do lulo-petismo. Tudo bem também que questões locais pesam na escolha do candidato. Mesmo assim, é uma anomalia a disparidade de desempenho entre Lula e seu líder. Anomalia, aliás, que se estende por todo o país. Nos dois outros componentes do chamado "triângulo das Bermudas" da política brasileira (porque nele muitas vezes somem reputações), Minas Gerais e Rio de Janeiro, o PT vai mal das pernas. No Rio, então, sofre de acentuado nanismo. No conjunto do país, o PT lidera apenas em Sergipe, no Piauí e no Acre, Estados que somam meros 3% do eleitorado e, ademais, são extremamente periféricos geográfica e politicamente. O natural é que a bancada do partido saia menor do que a já pequena eleita em 2002, se comparada ao voto então dado a Lula (91 deputados, reduzidos a 81, pela debandada dos descontentes com os rumos do partido e do governo). Mas, em 2002, a identificação Lula/PT era indiscutível. Hoje, o PT minguou, Lula cresceu, sai o petismo, fica o "lulismo", o personalismo caudilhesco velho de séculos na América Latina. |