A reação de Luiz Marinho, ministro do Trabalho, aos dados sobre desemprego divulgados pelo IBGE é todo um compêndio sobre o modo petista de ser e de governar. Primeiro, petista tem aversão a fatos que contrariem o alto conceito que eles têm de si próprios. Passam a tratar fatos como "ataques", como fez o presidente petista, Ricardo Berzoini, em relação aos envolvidos com o mensalão. Agora, a primeira reação de Marinho foi a de insinuar suspeição sobre a pesquisa do IBGE, embora ninguém do governo tenha contestado qualquer outra pesquisa do instituto sempre que os números eram favoráveis a ele. O ponto principal, aliás, nem é esse. A desfaçatez do lulo-petismo é arquiconhecida. Lula, por exemplo, pede desculpas pelos "erros" de seus companheiros, se diz traído, mas continua achando que, no fundo, ele é vítima de uma conspiração das elites, quando a conspiração é dos fatos. No caso desemprego, o pior é que Marinho não revela a menor preocupação com a persistência há anos e anos de um índice elevadíssimo, sempre na casa de 10%, pouco mais ou menos, até 11%. Qualquer autoridade com um mínimo de sensibilidade, em vez de questionar pesquisas, interrogar-se-ia sobre o que fazer para reduzir o desemprego, esteja ele na casa dos 10,7%, como em julho, ou nos 10,2%, que foi a média janeiro/julho. A diferença depois da vírgula é irrelevante. Na Europa, desemprego na casa dos 10% tem causado há anos um barulho danado em busca de respostas, que vão da semana de 35 horas a contratos temporários, passando por mil outras tentativas, boas ou ruins, mas tentativas. Aqui, nem o lulo-petismo nem os outros partidos sabem o que fazer, ou como responder, a não ser tentar quebrar o espelho (a pesquisa), o que não muda a realidade. |