É direito dos governantes de turno -e talvez até um dever- tanger as forças representadas no Congresso para algum acordo a favor da governabilidade. É isso o que têm feito Lula e alguns de seus encantadores de serpentes, como Márcio Thomaz Bastos e Tarso Genro. O problema é o exagero, como agora com a onda da "concertación" à chilena, sem a qual o Brasil cairia num buraco para nunca mais sair. Embromação pura. Os acordos entre forças políticas diversas no Chile e na Espanha são mencionados como exemplos. Nos dois casos, o arreglo se deu depois de um longo período de ditadura. No Brasil, a história é outra. Aqui, a democracia foi restabelecida em 1985, há 21 anos. Nesse intervalo (Lula incluso), a mesma elite tomou conta do pedaço numa "concertación" total entre empresários, bancos e políticos. Atrair para um acordão as principais forças políticas tornaria o debate ainda mais interditado. Basta ver que hoje a maior queixa no processo eleitoral é que os presidenciáveis mais bem colocados têm programas idênticos. Um acerto geral entre os quatro partidos grandes (PT, PSDB, PMDB e PFL) seria o triunfo da mediocridade. Todos juntos torcendo para que a nação prosperasse num prazo de 150 anos. Alternância de poder seria item supérfluo. Outro efeito colateral dessa "embromación" comandada pela trinca Lula-MTB-Tarso Genro é a tal reforma (sic) política. O retrocesso seria gigante. O ponto número um é acabar com a cláusula de desempenho para os partidos. Resumo da ópera: desconfie quando o político fala que o Brasil só cresce e se desenvolve depois da tal "concertación". É mentira. Como não haverá o tal acordo, o presidente eleito sempre terá a desculpa de que tentou, mas não deixaram. |