FOLHA
BRASÍLIA - Petistas e tucanos andam trocando muito mais figurinhas do que se possa imaginar. E não são conversas isoladas, entre velhos amigos separados por partidos. São conversas autorizadas pelas cúpulas -por Lula, inclusive.
Pelos tucanos, conversam José Serra, Tasso Jereissati, Aloysio Nunes Ferreira, por exemplo. Pelos petistas, Márcio Thomaz Bastos, Antonio Palocci Filho, Jaques Wagner. Em alguns casos, entram os pefelistas.
A pauta é resumida assim: a possibilidade de um pacto de não-agressão, para tirar a mãe, a mulher e os filhos da campanha. Ora a conversa é amena, entre políticos que não querem ver o circo pegar fogo -nem o novo presidente soterrado por denúncias. Ora o clima esquenta e desanda para a ameaça: "Se você falar do meu filho, eu falo do seu". O governo, por exemplo, jura que tem dossiês contra FHC, Serra e Alckmin.
O fato é que o segundo governo de FHC foi debaixo de intenso tiroteio do PT, e a forra foi no governo Lula, debaixo de CPIs, denúncias e descobertas do arco-da-velha. Poder-se-ia dizer que a população está cada vez mais bem informada e que os dois partidos estão quites.
O problema é que, em campanhas, ninguém fica quite. As contas são reabertas, novas feridas são feitas. Se isso foge ao limite da civilidade, o que vem depois? Um presidente muito machucado e que, com as atuais pesquisas dando apenas cinco pontos de diferença entre Lula e Serra no segundo turno, pode ser tanto do PT quanto do PSDB. Ou de um terceiro.
Para tentar amarrar um clima de disputa dentro de parâmetros aceitáveis, apesar de duro, o Planalto até já discute convidar os ex-presidentes vivos, aí incluído FHC, para dividir uma foto da campanha badalando a auto-suficiência em petróleo.
É pouco, mas vale como um sinal, uma espécie de meia bandeira branca de interesse dos dois lados. Guerra é guerra, mas pode ser limpa. Que ganhe o melhor e que tenha boas condições de governabilidade.