quinta-feira, janeiro 26, 2006

ELIANE CANTANHÊDE Garotinho, a assombração

Folha de S Paulo

 BRASÍLIA - Anthony Garotinho pode ter todos os defeitos do mundo, até do outro mundo, mas uma coisa é certa: ele se filiou ao PMDB, cumpriu todas as decisões do partido, tratou bem os seus líderes, cabalou votos legitimamente e está em terceiro lugar nas pesquisas, com 15%. Não é pouco. Ou seja, tem todas as condições para concorrer à Presidência.
E é exatamente aí que está toda a sua fragilidade: quanto mais forte fica, mais os caciques peemedebistas entram em pânico, sejam os lulistas, sejam os tucanos. Porque eles não querem um candidato para valer, querem alguém que esquente a cadeira até que o quadro se defina melhor -e eles possam pular no barco certo.
É aí que entra Germano Rigotto (RS). Governistas e tucanos rejeitam Garotinho, mas defendem "candidatura própria". Ninguém melhor do que Rigotto, governador de um Estado forte, com boa imagem e... chances remotas de fazer "cosquinhas" em Lula ou num tucano.
Além disso, tirar Garotinho passou a ser prioridade de Lula por vários motivos. Os três principais:
1 - Garotinho corre na mesma faixa eleitoral de Lula, nas classes C e D, tem a mesma linguagem popular e acessível dele e domina muito bem dois instrumentos fundamentais em campanhas, a TV e os debates. E deve bater no atual governo;
2 - Lula não tem mais paciência com o PT e quer um partido maior, mais ramificado e mais sólido para a eleição e para um eventual segundo mandato - o PMDB, de preferência. E Garotinho é candidato para valer, não só para esquentar a cadeira;
3 - Se vitaminado com expressiva votação no primeiro turno, Garotinho tende a se acertar diretamente com Lula, obrigando o presidente a três frentes de negociação no PMDB.
Em resumo: a força de Garotinho é a sua fraqueza. Se há algum tipo de união possível entre PMDB governista e de oposição é evitar a candidatura dele. Só há um probleminha: quem controla prévias com 20 mil votos e logo do PMDB?!

@ - elianec@uol.com.br