Folha de S Paulo
DAVOS - O empresário Jorge Gerdau Johannpeter tem uma obsessão: ver o setor público brasileiro adotar métodos gerenciais capazes de dar efetiva resposta aos problemas da pátria.
Sei que é uma obsessão porque ele tocou nesse assunto com a Folha no ano passado, aqui em Davos, e ontem voltou ao tema.
Sua lógica parece bastante sensata: não há hoje grandes diferenças nas propostas pelo menos dos grandes partidos para resolver os problemas do Brasil. As propostas podem não ser as únicas nem, talvez, as melhores, mas, de fato, há uma grande coincidência entre elas, pelo menos entre os partidos que parecem ter mais chances de chegar ao poder.
Se é assim, tudo o que faltaria para que as propostas passassem do papel à prática é o que Gerdau chama de "inteligência política". Ou seja, um presidente capaz de entender a natureza das questões e tirar as propostas do papel.
Gerdau acredita, com base em estudos sérios, que só na Previdência Social seria possível praticamente eliminar o déficit sem mexer nas estruturas pelo simples bom gerenciamento. É um pouco a tese em que Luís Nassif vem insistindo nesta Folha já faz um bom tempo, igualmente sem muito êxito no mundo político e administrativo.
Como o leitor poderá conferir mais adiante, no caderno Dinheiro, Gerdau parece certo de que tampouco em 2006 o Brasil terá no comando a tal "inteligência política".
Não que ele fale mal dos presumíveis candidatos, mas teme uma batalha eleitoral sangrenta, o que arruinaria reputações e tornaria ainda mais difícil pôr em prática uma administração inteligente.
Posso ter algumas dúvidas sobre o gerenciamento como solução para o Brasil. Mas, sobre o caráter cruento da próxima eleição, parece uma aposta segura. Xingamentos em vez de propostas é o cardápio mais provável. E olhe que Gerdau se define como "otimista por necessidade". Imagine os pessimistas.
@ - crossi@uol.com.br