FOLHA
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto está em ebulição. Lula dispensa intermediários e está afinando o discurso, decorando os números, articulando alianças partidárias e pensando na reforma ministerial.
Pelo menos oito ministros devem trocar suas cadeiras pelos palanques: Jaques Wagner (coordenação política), Paulo Bernardo (Planejamento), José Alencar (Defesa), Saraiva Felipe (Saúde), Hélio Costa (Comunicações), Marina Silva (Meio Ambiente), Agnelo Queiroz (Esportes) e Alfredo Nascimento (Transportes).
A maioria dessas vagas vem a calhar para as conversas de Lula com o PMDB e com os "mensaleiros" PTB, PL e PP, que são da base aliada hoje, mas que ainda não decidiram que rumo tomar nas eleições.
Até aqui, a conversa com o PMDB tem sido para adiar mais uma vez as prévias do partido, remarcadas para 19 de março, para que haja tempo e alguma possibilidade, mesmo que remota, de Lula ter um vice peemedebista -de preferência Nelson Jobim livre da toga.
Já a conversa com os três "mensaleiros" passa por um momento importantíssimo da eleição: as inserções dos partidos no rádio e na televisão. Como PTB, PL e PP têm alas muito críticas ao governo, o que Lula pede é que eles nem batam nem afaguem, apenas façam programas elogiando o seu governo por tabela.
Como? Cada um faria propaganda dos feitos do seu ministro: o PTB, de Mares Guia no Turismo (com recordes de investimentos); o PL, de Alfredo Nascimento em Transportes (tapa-buracos); o PP, de Márcio Fortes em Cidades (financiamento de saneamento e habitação).
Com isso, Lula ganha tempo. Segura os partidos, impedindo que debandem para a seara tucana, enquanto engorda seus índices nas pesquisas. É com eles, a partir de abril, que vai efetivamente propor alianças e fechar acordos para ter muitos palanques e principalmente um bom tempo na TV. Com ou sem Duda, esse é o seu forte.