sábado, outubro 15, 2005

VEJA Tales Alvarenga O PT avacalha Freud


"O PT expôs o país a uma era de
mediocridade. A culpa e a vergonha
foram desmoralizadas pela aplicação
contumaz
da esperteza delinqüente"

Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, afirmava que a culpa resulta do confronto na infância com o complexo de Édipo. Esse mecanismo produz nos meninos uma inclinação afetiva e carnal pela mãe e um sentimento de raiva pelo pai. O Brasil é o único país do mundo onde a teoria de Freud não se aplica.

Integrantes conhecidos da cúpula do PT roubaram, aceitaram gorjeta, empregaram parentes no serviço público, mentiram, usaram o dinheiro sujo da cueca e, nunca, mas nunca mesmo, manifestaram nenhum sentimento de culpa. Ou eles não conheceram pai nem mãe para experimentar o complexo de Édipo, o que é uma improbabilidade biológica e uma impossibilidade estatística, ou então até o complexo de Édipo foi desmoralizado no Brasil.

O governo petista foi um fracasso não apenas porque roubou e governou mal. Fracassou também por ter promovido a vulgaridade. A mais pesada crítica da esquerda ao governo Lula é a de que ele se dobrou à agenda da elite nacional e às exigências do sistema financeiro internacional. Na verdade, fez coisa muito diferente. Escorregou das mãos das mal-amadas elites para expor o país a uma era de mediocridade. Piorou os já exíguos padrões de auto-respeito que existiam. A culpa e a vergonha foram desmoralizadas pela aplicação contumaz da esperteza delinqüente.

São diárias as manifestações da autonomia petista em relação à moral e aos bons costumes. Num ritual quase religioso de perdão coletivo, Lula chamou os deputados petistas ao Palácio e disse a eles que podiam ir em paz. Tinham errado, por certo, mas não eram corruptos.

Além da grande corrupção, o governo petista se caracterizou pela avidez em relação às miudalhas. Seis ministros empregaram suas mulheres nas repartições de Brasília. Um dos filhos de Lula, Fábio Luís Lula da Silva, estava distraído na vida quando um dia, do nada, um concessionário de serviço público, a Telemar, resolveu investir 5 milhões de reais em sua pequena empresa Gamecorp, de conteúdo multimídia. Dias atrás, apareceu Vavá, irmão de Lula, como lobista de empresários junto a órgãos federais.

O tráfico de influência alcançou ainda Ângela Saragoça, ex-mulher de José Dirceu. Ela também andava distraída quando um dia lhe apareceu um emissário ligado ao esquema de Marcos Valério oferecendo-se para comprar o apartamento que ela queria vender. Outro enviado lhe arrumou um empréstimo para comprar apartamento novo. E um terceiro, do BMG, banco mineiro afundado nas maracutaias do mesmo Marcos Valério, arranjou-lhe um emprego. Até o filho de José Dirceu se beneficiou das migalhas que caíam da mesa do poder. A Casa Civil, conforme investigações, trabalhava com o objetivo de liberar verbas do governo federal para prefeituras paranaenses, que se apresentavam em Brasília sob a proteção do pimpolho Zeca Dirceu. Essas manifestações de nepotismo e vulgaridade servem apenas para desqualificar ainda mais um governo que está no centro de um furacão milionário, talvez bilionário, de corrupção.

A ausência de culpa por tudo isso explica a declaração de Lula em Paris: o PT fez o que todos fazem. E o antológico exame de consciência de Dirceu em Brasília: "Estou cada dia mais convencido de minha inocência". No Brasil, até Freud foi derrotado.