FOLHA DE S PAULO
BRASÍLIA - Com a cassação de Roberto Jefferson praticamente selada, quem está trancando a pauta das demais é o super José Dirceu. O que acontecer com ele tende a acontecer com vários da lista de 17 que o relator Osmar Serraglio confirma hoje.
Dirceu, que foi líder estudantil, treinou guerrilha, exilou-se em Cuba, viveu clandestino no Brasil, é homem-forte do PT e foi super-ministro de Lula, está fazendo o que fez a vida inteira: lutando com unhas e dentes.
Os movimentos de Dirceu são para todos os lados. Nada lhe escapa. Ele trabalha as bases do partido, atua incessantemente no Congresso, atrai os presidentes Lula, Sarney e Itamar para seu lado. E vai em frente. Os próximos alvos são o empresariado e a intelectualidade. Ou, em outras palavras, ele busca uma força de fora para dentro do Congresso.
Nesse contexto, Dirceu passou a fazer algo que quase nunca fazia quando chefe da Casa Civil: conversar com jornalistas. Senta-se ali no cafezinho da Câmara, bate um papo, dá sua versão para tudo. O desfile de deputados mostra um pouco de velhos amigos, desses de tapas nas costas, e um pouco de constrangidos, que passam sem falar nada, no máximo arriscam um leve aceno de mão.
Entre os que passam firmes, em frente, está o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Tal como Dirceu cumpre a sua sina, Gabeira também cumpre a dele, de vanguarda. Hoje ele é vanguarda na reação à pizza, numa espécie de Fla-Flu: os pró-pizza, liderados pelo próprio presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, e os pró-Congresso, à frente Gabeira e gente como ele.
Na próxima terça-feira, véspera do 7 de Setembro, deve haver um outro tipo de desfile: o dos parlamentares que são mais a favor da instituição do que do corporativismo. Eles devem ir desde a CCJ até a frente do Planalto, exigindo justiça.
Agora, cada parlamentar decide: ou engrossa o pró-Congresso ou fica com o pró-pizza. Se não estiver na lista dos 18 do Serraglio, como Dirceu.