sábado, julho 30, 2005

FERNANDO RODRIGUES O acordão

FERNANDO RODRIGUES

  BRASÍLIA - Nunca houve uma CPI na história da República sem algum tipo de acordo final. O que difere cada investigação é a extensão do conchavo que poupa alguns e condena outros quando há o desfecho.
A CPI do Orçamento expeliu dez congressistas em 1994. Havia provas contundentes contra outros oito, mas eles se safaram. Houve sumiço de papéis. Esse acordão final, aprovado pelo deputado Luís Eduardo Magalhães (1955-1998) de uma mesa no restaurante Piantella, é público.
Ainda assim, apesar do acordão, é certo que o Brasil ficou menos pior depois da CPI do Orçamento. Sempre é positivo quando um congressista é cassado por corrupção. Em 1994, foram dez de uma vez -seis cassados e outros quatro que renunciaram.
A CPI dos Correios não escapará da lógica do acordão. Há, contudo, uma diferença entre hoje, os tempos do Collorgate e da CPI do Orçamento. Está cada vez mais complexo e inviável abafar determinados fatos.
Desta vez, neste século 21, com a comunicação em tempo real, só uma força sobrenatural para livrar algum deputado já incriminado por documentos bancários oficiais.
Havia dez anos, era comum o desaparecimento de papéis. Ao final da CPI, novas cópias não chegavam a tempo para que um determinado congressista fosse cassado. Agora, no atual escândalo, já sumiram papéis. Só que reproduções são enviadas no dia seguinte. Caiu em desuso esse tipo de maracutaia, como diria Lula.
O caso do presidente da República é exemplar. Faltam chegar documentos. Ninguém é capaz de apresentar o prosaico recibo dos R$ 12 mil usados para quitar uma parcela do empréstimo que Lula tomou do PT. Esse papelucho aparecerá. Os sigilos das contas petistas estão quebrados.
Seja lá de onde veio esse dinheiro, é só uma questão de tempo para que se conheça a sua origem. Com o recibo divulgado, para o bem e para o mal, não haverá acordão possível.

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