A Polícia Federal está debruçada sobre 32 caixas de documentos das quais surgirão novos nomes e detalhes ligados ao esquema do "mensalão". Os papéis, apreendidos nas empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza, devem permitir a identificação de quem recebeu recursos no Banco Rural e de quem forneceu ao menos parte do dinheiro posteriormente repassado pelo publicitário a partidos e políticos.
Esta Folha já havia publicado, no dia 21 deste mês, reportagem dando conta de que pelo menos uma multinacional, uma importante instituição financeira e um empresário fizeram doações para o caixa dois do PT por intermédio de Valério.
Segundo novas informações publicadas ontem, na ponta dos doadores também poderiam constar companhias públicas. Os documentos em posse da PF revelariam que as doações eram feitas com recursos de "caixa um" das empresas, por meio da contratação fictícia de serviços de empresas do publicitário.
Os sinais são de que o "valerioduto" possuía mais de um caminho. Por meio de uma triangulação, por exemplo, doadores pagariam a um terceiro que repassaria os valores para alguma firma do publicitário. Para justificar a saída para o PT, ele tomaria recursos de bancos, que poderiam ser saldados com os valores depositados em suas contas e/ou por intermédio de "favores" políticos, tais como a aplicação de dinheiro (especula-se que de fundos de pensão) nas instituições que realizaram os empréstimos.
Tudo sugere que o esquema prosperou como nunca sob o governo petista, mas seu funcionamento, como já é público, antecede a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -tendo contemplado pelo menos políticos do PSDB e do PFL de Minas.
É fundamental que os responsáveis pelos inquéritos em curso venham a estabelecer com precisão o "modus operandi" de Valério não apenas para fundamentar as já esperadas "punições políticas" mas para que se encaminhem à Justiça relatórios sólidos sobre os crimes cometidos.
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