folha de s apulo
RIO DE JANEIRO - Em depoimento no Congresso, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB) disse que aceitava ser chamado de "troglodita", mas -vestido com camisa e gravata de cor lilás- recusou firmemente a pecha de "metrossexual" com que um expedito repórter o classificou.
No domingo passado, o caderno de estilo do "New York Times" trouxe uma provável explicação para Roberto Jefferson ter combatido quase com a mesma veemência as acusações de corrupção e o rótulo modernoso em que tentaram enquadrá-lo.
Segundo o jornal americano, o comportamento masculino passa hoje por tal "zona cinzenta que está deixando o radar gay -aquele sexto sentido sem qualquer base científica que muitos usam para dizer se um homem é hétero ou homossexual- tão desatualizado quanto o Windows 2000." Seria um aprofundamento da "metrossexualidade, que levou homens hétero a incorporarem luxos femininos como pedicuro, velas perfumadas e camisas coloridas".
Anteontem, o ministro Gilberto Gil elogiou a escolha de Dilma Rousseff para a Casa Civil com masculinidade: "Ela tem uma personalidade forte, um lado macho na forma de imprimir gestão. Ao mesmo tempo, é uma mulher. Isso é bom para civilizar um pouco, educar um pouco os agentes políticos brasileiros".
A mulher-macho, consagrada por Luiz Gonzaga em "Paraíba Masculina", surge depois que a "lama virou pedra e o mandacaru secou". Talvez venha daí a saudação de Gil para a escolha de Lula. Faz jus ao super-homem que o ministro cantou. Aquele que assumiu a ilusão de que ser homem bastaria até descobrir que a porção mulher que resguardara era a que melhor trazia consigo.
Ministra mulher-macho e deputado metrossexual são a face mais pudica da disputa política em Brasília. Sairia daí uma discussão enriquecedora se levada adiante. Mas, nos gabinetes da capital federal, as idéias e os projetos andam pobres -ricos fazem-se seus debatedores.
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