sábado, junho 25, 2005

LULA NA TV editorial da folha de s paulo

Em pronunciamento em cadeia de rádio e TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou sublinhar, anteontem, os esforços de sua administração no combate à corrupção e amenizar o tom beligerante que alguns representantes do PT vinham imprimindo a seus discursos na tentativa de fixar a fantasiosa versão de que estaria em curso um movimento das "elites" e da "mídia" para desestabilizar o governo.
O presidente foi claro no que tange ao papel da imprensa: "Feliz do país que tem uma imprensa livre e democrática que tudo pode acompanhar, fiscalizar e investigar." A assertiva é louvável não apenas por reafirmar os compromissos do governo com a plena vigência da democracia e das liberdades mas também por adicionar uma necessária dose de serenidade ao clima de confronto que alguns vinham fomentando.
Nesse sentido, foi sintomático o apelo para que o processo transcorra numa atmosfera de "colaboração e mão estendida", a despeito das divergências políticas e de opinião.
Também elogiável foi a reiteração da necessidade de que as denúncias sejam investigadas a fundo, pois só assim a real dimensão dos fatos relatados poderá ser estabelecida, separando-se, como disse o presidente, o "joio do trigo, o bem do mal, a verdade da mentira".
No mais, Lula lembrou o que já se sabia -que a corrupção não é um fato novo, mas um "pesadelo" que atormenta o país de longa data. E procurou associar o noticiário sobre desvios e irregularidades ao fato de seu governo estar empenhado em desvendar quadrilhas e esquemas fraudulentos. Novamente as operações da Polícia Federal foram citadas como prova da disposição do Planalto de erradicar a corrupção.
Em mais uma de suas metáforas domésticas, Lula comparou o combate aos corruptos a "uma casa onde há muito tempo não se faz uma limpeza de verdade" e comprometeu-se a não "jogar a sujeira para debaixo do tapete". Se não chegou a alterar o rumo dos acontecimentos, o discurso mostrou um presidente cônscio da gravidade da situação e disposto a evitar que a crise degenere em radicalizações nefastas para o amadurecimento democrático do país.

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