SÃO PAULO - As sucessivas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre juros revelam tão desumano desconhecimento do bê-á-bá da economia que obrigam a perguntar: quem é que comanda a política econômica se o presidente revela estar completamente desconectado da vida real, pelo menos no que diz respeito a juros?
Já há uma disseminada suspeita por aí de que Lula faz as vezes de rainha da Inglaterra. Viaja, representa o país (há controvérsias sobre se o faz bem ou mal), discursa, tira fotos com os mais diferentes grupos, trajes e bonés, mas quem governa de fato seria o ministro Antonio Palocci.
Talvez. Mas convenhamos que, por muito aplicado que seja -e é-, Palocci também não tem exatamente pinta de futuro ganhador de um Prêmio Nobel de Economia. É mestre em reproduzir o bê-á-bá econômico (pelo menos o faz corretamente), mas desafio o leitor a encontrar uma só idéia original do ministro a respeito dos desafios da economia em países em desenvolvimento.
Aliás, o desafio vale para a grande maioria dos outros ocupantes da Esplanada dos Ministérios. O PT tinha meia dúzia ou uma dúzia de diagnósticos quando era oposição.
Ao chegar ao poder, Lula descartou-os como "bravatas". Pena que nem ele nem os outros caciques do partido tenham sido capazes de elaborar alguma coisa diferente que faça sentido e que não seja o "non sense" total e absurdo sobre os juros.
Os adeptos das teorias conspiratórias dirão que quem comanda a economia é Henrique de Campos Meirelles, o presidente do Banco Central. O melhor que se pode dizer dele, no entanto, é que foi um bom dirigente de banco; jamais um ideólogo.
Nesse deserto, é natural que todos, no PT e no governo, prefiram o silêncio quando o presidente diz os absurdos que disse. É melhor preservar a "boquinha" do que abrir a boca.
FOLHA DE S.PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.