Há várias semanas a cotação do dólar no Brasil se mantém em expressiva tendência de queda. Movimento semelhante ocorreu em meses passados e suscitou variadas manifestações, inclusive de representantes do governo, sobre os problemas que essa circunstância poderia criar para a manutenção do bom desempenho das contas externas.
O fato é que após pesadas intervenções do Banco Central, que ajudaram a elevar a cotação da moeda norte-americana, o dólar voltou às vizinhanças de R$ 2,50 -sem que esse fenômeno venha gerando reações equivalentes às anteriores. Contribui para isso o fato de que as exportações continuam a bater recordes sucessivos, dando a impressão de que são imunes à perda de rentabilidade e competitividade que o real valorizado fatalmente causará.
Ocorre que os efeitos de uma valorização cambial sobre os fluxos de comércio demoram para se materializar. Os produtos que hoje estão sendo embarcados para o mercado externo foram vendidos há meses -e essas operações comerciais não serão canceladas, mesmo que tenham se tornado menos rentáveis. O que pode, sim, ser sustado, ante uma valorização mais prolongada do câmbio, são os investimentos em projetos voltados à exportação. E esse é o grande risco, pois estaria sendo comprometida a futura expansão da capacidade de exportar.
O nível elevadíssimo dos juros é um fator fundamental a alimentar esse processo de valorização -o que só reforça a necessidade de uma revisão da política monetária e do sistema de metas de inflação. Como isso não está no horizonte, é de esperar, ao menos, que uma nova rodada de intervenção do BC venha a interromper a acentuada e preocupante tendência de apreciação do real.
FOLHA DE S.PAULO EDITORIAIS
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