BRASÍLIA - O fato de as comemorações dos 20 anos de democracia civil terem sido comandadas pela Arena é a evidência mais acabada do pouco a ser festejado. O país é miserável, andou para trás economicamente e suas instituições continuam frágeis.
Se há um aspecto positivo e quase sem similar na América Latina é a lenta e gradual construção do sistema partidário. Pichados e execrados, os partidos estão em processo constante de decantação para melhor, ao contrário do que muitos imaginam.
Quando acabou a ditadura militar, havia mais de 40 siglas. Foi o efeito do rompimento da represa. Era proibido organizar partidos políticos. Foi só haver a liberação para cada um correr e montar o seu.
Hoje, caiu para 27 o número de partidos. Desses, apenas sete conseguem a cada quatro anos obter mais do que 5% dos votos para deputado federal em todo o país.
Depois de 2006, nas eleições seguintes, só esses sete partidos terão amplo acesso ao tempo gratuito na TV e ao fundo partidário (uns R$ 100 milhões de dinheiro público).
As outras 20 siglas poderão continuar a existir. Mas Enéas, do Prona, terá dois minutos por semestre em rede nacional. Nada de propagandas estaduais e outras regalias.
Desde 2002, a verticalização já obriga os partidos a procurar um ordenamento coerente nas cidades e nos Estados, de acordo com as alianças firmadas em nível nacional.
Não é pouco para um país atrasado como o Brasil. Pode-se comemorar esse fato, exceto que muitos conspiram para operar um retrocesso.
Renan Calheiros (ex-PC do B, ex-PRN-Collor, ex-Itamar, ex-FHC e hoje pró-Lula) quer derrubar a verticalização. É apoiado por Jorge Bornhausen (ex-Arena, ex-Collor, ex-FHC, ex-Roseana e hoje pró-César Maia) e por Severino Cavalcanti (ex-Arena, ex-FHC e hoje pró-Lula). Querem mais liberdade para seus partidos fazerem acertos variados. Para azar do Brasil, contam com a ambigüidade de Lula e a obsessão do petista pela sua reeleição em 2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.