BRASÍLIA - É difícil condenar Lula por distribuir cargos para amigos e gente incompetente. Desde Pedro Álvares Cabral os governantes fazem uso aberto da fisiologia.
O grave é quando a prática se estende a áreas vitais como a Previdência Social. Lula está há 27 meses no Planalto. Acaba de nomear seu terceiro ministro da Previdência. Dá uma média de um ministro a cada nove meses. Só um gênio faria algo bom em tempo tão exíguo.
Agora está na cadeira o senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima. Ele sucede a Amir Lando, peemedebista de Rondônia, que já havia substituído Ricardo Berzoini, do PT paulista. Todos têm duas características em comum: não são gênios nem especialistas em Previdência.
Como não sabem o que fazer, escoram-se em frases de efeito e genéricas. Ao assumir a Previdência, Berzoini enrolou prometendo um "regime para trabalhadores da iniciativa privada e do setor público que possa ter sustentabilidade a médio e longo prazo". Deu em nada.
Lando viu que a propaganda é o espírito do governo petista. Adotou uma expressão que ninguém sabe o que significa, mas causa impacto: "choque de gestão". O vazio do slogan fascinou a Lula, só que não o impediu de demitir o rondoniense.
Jucá tomou posse e usou o tal "choque de gestão" em suas promessas. Quer reduzir o déficit da Previdência em R$ 22 bilhões em dois anos. Alguém vai ficar esperando para cobrar em março de 2007?
A prioridade de Jucá é acabar com as filas da Previdência. Tem um plano emergencial, um prazo? Não. Por quê? "A fila é uma questão histórica no Brasil". Ah, bom.
Anteontem, quando fazia suas promessas, Jucá tinha José Dirceu a seu lado. O ministro da Casa Civil produziu a melhor frase da entrevista: "Vamos transformar 2005 no ano da eficiência da máquina pública e da redução dos gastos". Tenha dó.
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