BRASÍLIA - Leitor, prepare-se. Nos próximos dias e semanas haverá um bombardeio de intermináveis relatos e análises sobre a reforma ministerial que Lula está para promover.
O menos importante é saber se o PP receberá um ou dois ministérios ou se o PMDB terá uma vaga extra na Esplanada para se lambuzar de poder. Também é de reduzida relevância se o agora já famoso deputado Professor Luizinho deixará o cargo de líder do governo na Câmara.
A única alteração para valer que Lula pode operar na sua coordenação política é dentro do Palácio do Planalto: arbitrar a respeito da beligerância existente entre os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política).
Todas as derrotas recentes do governo dentro do Congresso derivaram da divisão de poder dentro do Planalto e da inapetência de Lula para tomar uma decisão a favor deste ou daquele aliado. Não há novidade nisso. Os políticos brasileiros enxergam nesse titubeio um predicado. Basta lembrar Tancredo, Sarney e FHC. É parte da cultura nacional. O bom é não decidir. Repetem d. João 6º ("quando não sabes o que fazer, não faças nada").
Lula é a transposição mais acabada para a política do "homem cordial" de Sérgio Buarque de Holanda. A aversão do presidente a descontentar amigos é uma forma de disfarçar a realidade. Ajuda os mais próximos (aliados derrotados e/ou incapazes) e desincumbe-se de enfrentar os reais problemas do país (a necessidade de um profundo choque de gerenciamento e de eficiência).
A dualidade do presidente torna mais devagar o que já é insuportavelmente lento para o Brasil. Reformas como a tributária e a trabalhista ficam inviabilizadas.
O mais provável é que Lula esteja passando pela indefectível fase do isolamento do poder. Uma tropa grudenta de áulicos o impede de enxergar quais são as verdadeiras razões para o desarranjo de sua coordenação política. A oposição agradece. Mas o país, cordial, fica parado.
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