BRASÍLIA - O Planalto tem um ministro para duas coisas: escrever e/ou supervisionar os discursos de Lula -que prefere improvisos- e para fazer a intermediação com a chamada "sociedade civil" -que não pára de reclamar do governo, inclusive de falta de canais e de diálogo.
Lula sempre passa a impressão de se entediar com seus próprios discursos escritos, gagueja aos lê-los e, como regra, abandona-os pra lá, saca metáforas de futebol e vai mantendo a popularidade no gogó.
Quando resolve ler com vontade, fica a dúvida se deveria ou não. Aliás, como ontem, na entrega de prêmios a projetos do serviço público, no Planalto. Era para ser uma festa otimista, para cima. Mas o discurso foi rancoroso, para baixo. FHC jogou a casca de banana, com críticas numa entrevista ao "Correio Braziliense" no domingo. Lula caiu e respondeu lendo o discurso da assessoria.
Quanto aos movimentos e entidades sociais: agora mesmo, 17 deles desembarcaram em Brasília para discutir os assassinatos do Pará e uma série de reivindicações contra o caos ali instalado, justiça se faça (além de "faça-se justiça!"), há décadas. E cobraram um "canal permanente" com a Casa Civil.
Antes que eu me esqueça, o ministro dos discursos e dos movimentos é Luiz Dulci, um professor mineiro, boa praça, com cara do bem. Mas que, até hoje, é uma incógnita no governo.
Outro exemplo bem quentinho é o da ampliação do debate sobre os limites do aborto legal, bandeira que o PT defende há décadas e que o governo acaba de jogar em pauta. Da ala igrejeira do PT, Dulci deveria estar metido na questão, mas não se ouviu um "a" dele sobre o assunto. A pedreira política ficou toda com a ministra Nilcéia Freire.
Em época de reforma ministerial, todo mundo fica apreensivo, menos Dulci. Apesar de ter gabinete no Planalto, ele está firme feito uma rocha. É tão suave, tão quieto, que ninguém disputa o seu cargo. Porque não sabe exatamente para que serve.
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