SÃO PAULO - Há pouco menos de dois anos, um amigo me contou que Olavo Setúbal, o grande patriarca do banco Itaú, andava dizendo que pretendia erguer uma estátua para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da sede do banco.
Parecia uma brincadeira. Qualquer um que tenha conversado pelo menos dois minutos com Setúbal sabe que ele carrega aquela rejeição visceral ao PT e a Lula. Sabe também que ele votou em José Serra na eleição de 2002 -e não duvido que o tenha feito de novo em 2004.
Mas a Folha de ontem traz uma notícia que dá contornos de seriedade ao que era (ou parecia ser) uma "boutade" do banqueiro. O Itaú teve, no ano passado, o maior lucro da história dos bancos no Brasil.
Não é, pois, recorde da década, do século, mas de todos os tempos. E olhe que o Itaú era um banco imensamente lucrativo já no governo tucano. Mas, a se acreditar no PT e em Lula, governos tucanos (e todos os outros que o antecederam) estavam a serviço da banca, o que tornava "naturais" os lucros.
Lembra-se, a propósito, da frase de George Soros, o grande investidor (ou especulador, a critério de cada qual), segundo a qual era "Serra ou o caos" em 2002?
Pois é. Não deu Serra, houve de fato um razoável caos de meados do ano eleitoral até meados de 2003, mas viu-se finalmente que Lula é, para o pessoal das altas finanças, muito melhor do que foram Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, Fernando Collor, José Sarney e até os generais que os antecederam.
Merece pois uma estátua diante da sede do Itaú. Só temo que haja uma corrida entre banqueiros para ver quem ergue a estátua mais alta, a mais enfeitada, a mais bonita.
Que o número de mortos no campo tenha aumentado no mesmo governo em que o Itaú bate recorde de lucro é um detalhe. Como é detalhe o fato de a renda do trabalhador em São Paulo ter caído de novo no mês de janeiro.
Sem-terra e assalariado não têm mesmo grana nem para medalhinha, quanto mais para estátua.
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