SÃO PAULO - O relato de Julia Duailibi, nesta Folha, sobre a reunião entre o presidente da República e prefeitos da Baixada Fluminense, é suficiente para definir o governo.
Trecho principal: "O prefeito de Japeri, pastor Bruno Silva dos Santos (PSDB), levou dossiê com a situação das escolas. Depois de ler, Lula disse: "Os ministros, junto com o ministro da Educação, têm de fazer uma visita lá. Se a escola estiver assim [como na foto], estamos desgraçados neste país".
Breve ajuda-memória: durante todas as quatro campanhas presidenciais de que participou, Lula gabava-se de ter percorrido o país inteiro e se tornado professor de Brasil. Em todas elas, inclusive na mais recente (2002), cansou de dizer que escolas, hospitais, estradas, portos, aeroportos, situação fundiária, situação tributária, as filas do INSS, o diabo, enfim, estavam "desgraçados".
Agora que está na Presidência da República parece convencido de que todas as desgraças foram eliminadas, tanto que duvida até de uma foto que mostra o precário estado de uma escola, quando todo o mundo está cansado de saber que, na maior parte do país, TODAS as escolas públicas vivem em situação precária.
Todo mundo menos o presidente da República.
O "professor de Brasil", isolado nos palácios que agora habita, deslumbrou-se tanto com a sua vitória que acabou acreditando que ela, por si só, resolveria todas as "desgraças", que o país mudou, que o século 21 será o "século do Brasil", e mais uma catarata de ufanismo tolo.
Será que ninguém, nas imediações do presidente, tem a piedade de lhe dizer que é simplesmente impossível que um governo resolva todos os problemas em apenas dois anos, mesmo que tivesse adotado todas as políticas certas ou pelo menos adotado algumas políticas, o que está longe de ser o caso deste governo?
Por isso, desta vez sou obrigado a concordar com o presidente: "Estamos desgraçados neste país".
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