Nesta crise, até o que vai indo bem começa a desacelerar.
O setor de comércio eletrônico (vendas pela internet) deve movimentar em 2008, no Brasil, R$ 8,5 bilhões, crescimento de 35% em relação a 2007.
Somente no período de 15 de novembro a 24 de dezembro a expectativa é a de que tenha sido comercializado no País um volume de R$ 1,35 bilhão, valor 25% maior do que o do mesmo período do ano passado.
Apesar do aparente bom desempenho, são números que denunciam certa redução de marcha. Nos últimos quatro anos, o crescimento médio anual em faturamento foi de 55% (veja o gráfico). As 1,8 mil lojas virtuais cadastradas na e-bit, empresa de informações de comércio eletrônico ligada à Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, atendem atualmente 11,5 milhões de consumidores.
Mas, paradoxalmente, a crise global pode ajudar a empurrar esse negócio. Como o dinheiro ficou apertado, os consumidores parecem mais propensos a aproveitar as promoções e as opções mais baratas e estas são mais facilmente expostas na rede mundial de computadores.
O diretor da consultoria AT Kearney, Antônio Almeida, observa que o segmento é ainda insignificante no Brasil. Pesa menos de 1% no comércio total. É insignificante até quando se compara a base de clientes pela internet com o número de pessoas com acesso à internet. Ele calcula que, dos 64,5 milhões de internautas brasileiros, apenas 5,8% compram pela rede.
Esta é desvantagem que pode ser vista também como vantagem, uma vez que o potencial do segmento não é desprezível. Marcelo Garcia, diretor-comercial da Jet, empresa que atua no setor de soluções para o comércio eletrônico, aponta quatro fatores que ajudam a impulsionar esse tipo de comércio.
(1) Rapidez - oferta cada vez maior e facilidade de fechamento do negócio garantem compras rápidas e eficientes.
(2) Acessibilidade - a disseminação do acesso à banda larga e a popularização do cartão de crédito entre as classes C e D ampliaram o mercado.
(3) Facilidade de crédito - as lojas virtuais geralmente oferecem melhores condições de parcelamento por realizarem quase todas as vendas com cartão de crédito, que opera a juros mais baixos.
(4) Preços competitivos - além de trabalharem com custos mais baixos, porque não exigem showrooms, vendedores e tudo o mais, e também por operarem no sistema de leilão reverso (quem oferece o menor preço ganha o comprador), as vendas pela internet tendem a ser mais competitivas do que as das lojas convencionais.
O índice e-Flation, desenvolvido pelo Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA) em parceria com a consultoria Felisoni, comprova a queda de preços. Apontou deflação de 11% nos últimos 12 meses terminados em novembro.
Tirando alguns segmentos, como livros e CDs, grandes empresas de varejo do Brasil ainda receiam investir pesadamente no comércio eletrônico (veja o Confira). Mas a crise vai forçar a redução de custos do comércio e este pode ser mais um fator a impulsionar o mercado.