A crise financeira internacional deve se estender até que os mercados consigam desmontar todas as operações que levaram muitos bancos, empresas e instituições não-financeiras a assumir riscos elevados, aproveitando-se de um longo período de excesso de liquidez na economia mundial. E ainda ninguém sabe o efetivo tamanho desta conta. Sabe-se apenas que a unidade de medida é o trilhão de dólares. Nesse processo de desmonte, o maior impacto recairá mesmo sobre os próprios sistemas financeiros, mas também é inevitável que a economia real seja atingida indiretamente em conseqüência de uma retração do crédito e da perda de riqueza financeira artificialmente constituída.
Para evitar que esse desmonte enfraqueça os sistemas financeiros a ponto de inviabilizá-los, as autoridades monetárias de todo o mundo têm adotado medidas eficazes que buscam restabelecer a confiança do público e demais agentes econômicos nos sistemas financeiros.
Assim, espera-se que paulatinamente as operações de crédito sejam retomadas, voltando a um padrão satisfatório e suficiente para que as atividades produtivas não sofram forte retração.
Nesse sentido, os bancos centrais dos Estados Unidos, da Europa e do Japão criaram mecanismos de troca de moedas (swaps) para evitar pressões exageradas sobre o câmbio, esquema que agora se estendeu para países emergentes importantes no cenário econômico mundial, como é o caso de Brasil, México, Cingapura e Coréia do Sul.
Para os Estados Unidos essa troca por reais — que pode atingir US$ 30 bilhões — também é conveniente, já que a crise ocasionou uma corrida para o dólar, valorizando a moeda em um momento que as empresas americanas precisarão exportar mais. Para o Brasil, a troca será capaz de reforçar a munição que o BC dispõe para suprir internamente as necessidades de moeda estrangeira no curto prazo, sem que as autoridades monetárias precisem de recorrer às reservas cambiais acumuladas pelo país.
Como reforço adicional, o Fundo Monetário Internacional (FMI) finalmente aceitou a reivindicação para liberar linhas de crédito emergenciais destinadas a países com economias que não necessitem de programas de ajustes conjunturais.
Registre-se que o país subiu de patamar na economia mundial. Caso contrário, não teria sido aberta essa linha automática do Fed para o BC — algo impossível de acontecer, por exemplo, com a Argentina. E tudo se deve ao fato de que, com exceção da política fiscal de 2006 em diante, o Brasil praticou uma política econômica sensata, sem as pirotecnias heterodoxas defendidas por parte do PT.