RIO DE JANEIRO - Ontem, de manhã. Zico chega ao Maracanã para uma entrevista de TV. Vem dirigindo o próprio carro. Ele mesmo o estaciona, sai e acena para a equipe e para o outro convidado. É reconhecido e interceptado por um grupo de alemães em visita ao estádio. Posa sorrindo para fotos com todos e com cada um. Depois, autografa bolas, camisas, papeluchos.
Reunimo-nos e seguimos pelo hall dos elevadores. Há um exército de gente varrendo o chão, instalando cabos, colando painéis. Largam o que estão fazendo e vão posar com ele e pedir-lhe autógrafos. Zico atende a todos. De repente, ouve-se: "Zico! Zico! Zico!". São 20 ou 30 escolares, muitos com a camisa do Flamengo, sentados no chão do hall com a professora. Zico, que acabou de ser avô, aproxima-se feliz, senta-se no meio delas e é vastamente fotografado.
Subimos para as tribunas, no 6º andar, onde será a gravação. Ao abrir-se a porta do elevador, o anel surge à nossa frente -um panorama que ele já viu mil vezes lá de baixo, do nível do gramado. Mas não consegue deixar de exclamar: "Que bonito!". É dia de semana, e o Maraca está vazio, mas quase podemos ouvir o eco das 180 mil vozes que, nos anos 70 e 80, gritaram tantas vezes o seu nome. Ali ainda é a sua casa -ele, que fez gols e ganhou títulos, pelo Flamengo e pelo Brasil, nos cinco continentes.
O pessoal da TV, habituado a esnobar os astros da novela, rende-se a Zico. Abraçam-no, contam-lhe o que ele representou em suas vidas e como lhe são gratos por tanta coisa. Já me disseram que esse banho de afeto, essa enxurrada de amor, se repete pelo dia inteiro -no Rio, onde mora, no Japão, onde trabalhou, na Turquia, onde trabalha, e aonde quer que vá.
E -posso garantir, porque já vi- Zico ouve cada declaração dessas como se fosse a primeira vez.