quarta-feira, abril 23, 2008

Celso Ming - Piorou a balança




O Estado de S. Paulo
23/4/2008

É forte a queda do saldo comercial acumulado neste ano até a terceira semana de abril (inclusive). Medido por saldo diário, mergulhou nada menos que 63,2% em relação ao mesmo período de 2007, o que parece indicar importante deterioração da balança comercial, que aponta exportações e importações.

Não dá para avaliar o quanto esse resultado foi prejudicado pela greve dos auditores aduaneiros. O que dá para dizer é que a greve atinge as duas pontas, tanto as exportações como as importações.

Não há consenso no diagnóstico desse rápido encolhimento do saldo comercial. Uma corrente de economistas, mais identificada com os desenvolvimentistas, entende que ele se deve à forte valorização cambial que desestimula exportações e incentiva importações. Isso pode ser parte da verdade. As exportações ainda crescem vigorosamente, a 14%, enquanto as importações avançam a 43%. E as exportações do segmento de manufaturados, teoricamente mais sensível à valorização do real, aumentam ao ritmo de 3,5%.

A corrente de economistas mais ortodoxos entende que as importações estão disparando em conseqüência do aumento do consumo interno. Corrobora para esse ponto de vista o fato de que as importações de combustíveis e lubrificantes saltaram 51,1%, atropelando as comemorações da Petrobrás pela obtenção da auto-suficiência.

O mapa da mina

Quatro vezes - Um exame do mapa sísmico pode explicar por que o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, assegura que o bloco Carioca/Pão de Açúcar detém 33 bilhões de barris em reservas recuperáveis. A mancha vermelha menor é Tupi, que oficialmente detém entre 6 bilhões e 8 bilhões de barris. A mancha vermelha maior é o novo bloco.

Lula escorrega no biodiesel

Ao encerrar a visita de três dias a Gana, o presidente Lula voltou ontem a responder aos países ricos que estão misturando o etanol brasileiro com o americano e condenam o uso de alimentos como matérias-primas de biocombustíveis.

Mas, nesse contra-ataque, o presidente lançou argumento que pode ser usado contra o programa do biodiesel brasileiro. Disse ele: “Achamos, desde o começo, que produzir biocombustível de alguma coisa que sirva para ração animal ou humana não é prudente porque você vai encarecer o preço do porco, o preço do frango.”

Ora, perto de 75% do biodiesel brasileiro que começou a ser misturado ao diesel comum, agora à proporção de 2% (a partir de julho será de 3%), é produzido a partir da soja, produto usado tanto na alimentação humana como em ração animal.

O engenheiro de Vendas da Dedini, Gualter Rezende Barbosa, lembra que, para a produção de 200 quilos de óleo de soja que depois serão beneficiados para obtenção de biodiesel, é necessária uma tonelada do grão. Outros 720 quilos do produto são transformados em ração animal.