O Estado de S. Paulo |
24/1/2008 |
Após um dia de ligeiro desafogo com a redução do juro americano, o furacão continuou açoitando o mercado financeiro internacional. O corte foi bom, sem ele seria pior (“um banho de sangue”, como diziam ontem em Nova York), mas não o suficiente para restabelecer a confiança dos investidores. No fundo, diziam, o fato de o Fed não ter esperado uma semana para cortar o juro passou a ser interpretado como sinal de que teme um risco maior de recessão. A única crítica unânime era que Bernanke está sempre “atrás da curva”, ou seja, tem chegado tarde demais e está remendando, quando deveria ter tentado consertar a crise desde outubro. VAI FUNCIONAR? MAIS US$ 150 BILHÕES? De qualquer forma, deve vir algo mais, como já prometeram o governo Bush e os líderes do Congresso. A coluna conversa quase diariamente com esses economistas independentes, e as respostas são sempre unânimes. Vamos resumi-las para o leitor. A contaminação pode vir pelo mercado financeiro e pelo mercado mundial. No financeiro, estamos bem, pois o presidente do BC aumentou consideravelmente as reservas cambiais e manteve uma política monetária disciplinada. O mesmo não acontece com o mercado mundial; deve crescer menos de 6% este ano. Ele já está recuando por causa da retração ou recessão - na prática é a mesma coisa - nos EUA. Com mercado menor, é preciso esforço maior. É isso que o governo precisa estimular. Como? A primeira medida urgente seria desonerar as exportações e não jogar mais impostos em cima delas. Outra medida que a ministra não viu é tirar do armário a política comercial. Aqui não é só repensar a carga tributária, mas criar uma linha de prioridades em áreas que ainda somos mais competitivos no exterior, apesar dos juros e do câmbio. A política comercial inclui acordos bilaterais, Aqui, estamos vergonhosamente na estaca zero, esperando Doha, que, apesar da nova fala do Itamaraty, foi enterrada ainda mais para o fundo com a retração da economia mundial. A INDEPENDÊNCIA DOS EUA Os EUA são basicamente importadores do Brasil de produtos industriais - não de commodities, que eles também exportam -, menos sensíveis ao novo choque. Por isso, diversificar ajuda pouco nas circunstâncias atuais. A grande verdade é que diversificamos nossos mercados, mas não mudamos a nossa pauta de exportação. Continuamos vendendo os mesmos produtos. E estaremos expostos se o cenário atual se agravar. Poderíamos continuar informando sobre o que os economistas independentes afirmam a respeito de ajuste fiscal, causas da inflação, reforma tributária, risco de racionamento de energia. |