SÃO PAULO - Vem do Partido Comunista Cubano (quem diria?) lições de democracia para a esquerda brasileira e o PT. Eliades Acosta, chefe do Departamento de Cultura do Comitê Central, postou o seguinte no site "Cubarte": "Deve ficar para trás essa prática de silenciar os problemas, em torno da qual nem sempre está a boa intenção de ajudar a revolução, mas também a de preservar cargos ou posições, [além de] posturas acomodatícias e lesivas ao clima ético de uma sociedade".
Mais: "Cuba deve desejar uma sociedade que fale de seus problemas em voz alta, sem temor, em que os meios [de comunicação] reflitam a vida sem triunfalismo, em que os erros sejam ventilados publicamente para buscar soluções".
A esquerda, brasileira ou internacional, sempre calou sobre a ditadura cubana, usando o argumento de "ajudar a revolução" e/ou negar armas ao imperialismo. Tolice rematada, posto que o imperialismo não precisa dessa arma para fazer o que bem entender.
As observações de Acosta parecem ter sido feitas a propósito do "tumor fétido" que o PT cevou, para usar expressão de Frei Betto. Em vez de encarar os fatos tal como eram, petistas, jornalistas e intelectuais chapa-branca preferiram inventar a teoria estúpida e de má-fé da conspiração da mídia. Como diz Acosta, referindo-se a Cuba, nada mais era do que "preservar cargos e posições", adotando comportamento "lesivo ao clima ético de uma sociedade".
Se ainda resta alguém intelectualmente honesto no PT, que leia o seguinte trecho de entrevista de Canek Sánchez Guevara, neto do Che, ao jornal espanhol "El País": "O acriticismo militante foi nefasto para a esquerda. Sem ser crítico, não se pode ir a nenhum lado, se reproduz o pior. Para mim, ser de esquerda não significa estar contra a direita, mas contra o poder, seja quem for que o exerça".