BRASÍLIA - Dos 34 ministros de 1º de janeiro de 2003, apenas cinco se mantêm até hoje no mesmo cargo: Celso Amorim (Relações Exteriores), Gilberto Gil (Cultura), Marina Silva (Meio Ambiente), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e general Jorge Félix (Segurança Institucional). Do ministério original, portanto, o ministro de primeira grandeza que começou, ficou e está aí até hoje exatamente no mesmo lugar -e sem apanhar do Planalto nem do PT- é Celso Amorim.
Um dos prêmios é sua ida na terça-feira para a conferência palestinos-israelenses, em Annapolis (EUA), que vai tentar retomar as negociações de paz.
É a primeira vez que um país da América Latina é convidado para esse tipo de conferência, que pode abrir portas para a participação num eventual grupo de apoio ao "Quarteto do Oriente Médio" (Nações Unidas, União Européia, EUA e Rússia) e contar pontos na disputa por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
O convite não é ao Brasil isoladamente, mas ao IBAS, grupo que reúne também Índia e África do Sul e foi criado em 2003 justamente por inspiração brasileira.
O Brasil aproximou-se da África, fortaleceu os laços com os EUA, acalmou ânimos no Mercosul e está perto o suficiente de Venezuela, Bolívia e Equador para evitar que se isolem, mas longe o bastante para não ser confundido com eles, especialmente com Hugo Chávez.
O "furo" foi ter excluído a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) sem incluir antes a Rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio), que só patina. Mas Amorim não se vexa. Brande os recordes do comércio e acha tudo muito bom, tudo muito bem. Como Lula, que perdeu Palocci, Dirceu, Gushiken, Benedita, Olívio, Graziano, Humberto Costa, mas não mexe em Amorim. Aliás, todos esses outros são petistas, Amorim é exceção. Curioso, não é?