sábado, julho 28, 2007

Um veleiro de 130 milhões de dólares

Riqueza
Adeus, marinheiros

O maior veleiro particular do mundo
é todo controlado por computadores


Daniel Salles

Amory Ross

Bilionários que se presenteiam com mimos caríssimos, como grandes jatos adaptados para uso particular ou antigos castelos europeus, em geral não fazem alarde dessas aquisições. O americano Tom Perkins, um investidor do Vale do Silício que há uma década apostou dinheiro em empresas então incipientes como Google e Netscape, pensa diferente. Acaba de ser lançado nos Estados Unidos o livro Mine's Bigger: Tom Perkins and the Making of the Greatest Sailing Machine Ever Built (O Meu é Maior: Tom Perkins e a Construção da Mais Incrível Máquina de Velejar Já Construída), do jornalista David A. Kaplan. A obra conta tudo sobre o barco do empresário, o Maltese Falcon, o maior veleiro particular do mundo e um exemplo notável da aplicação de novas tecnologias à arte de navegar. O barco foi inaugurado há um ano e, quando não está singrando os mares, fica ancorado na Baía de São Francisco. O Maltese Falcon não tem timão nem o emaranhado de cordas característico dos veleiros. Os mastros, estruturas monumentais feitas de fibra de carbono, são controlados por dezenas de computadores, num sistema que usa 40 quilômetros de cabos e fibras ópticas. As velas são içadas e recolhidas automaticamente. A embarcação é guiada com o simples toque de botões num painel de controle – apenas um comandante consegue conduzi-la.

Como é o Maltese Falcon

ÁREA TOTAL DAS VELAS
2396 metros quadrados

TRIPULANTES
16 (em oito cabines)

PASSAGEIROS
12 (em seis cabines)

CUSTO DE CONSTRUÇÃO
130 milhões de dólares

"Posso ensinar qualquer pessoa a pilotar esse veleiro em apenas meia hora", brinca Tom Perkins. Aos 75 anos, ex-marido da escritora de best-sellers açucarados Danielle Steel, o bilionário é um dos nomes mais festejados no mundo das empresas de alta tecnologia da Califórnia, por cujas estradas costuma dirigir Bugattis e McLarens. Ele é também apaixonado por veleiros e barcos de corrida. O Maltese Falcon, que com as velas enfunadas alcança a altura de um prédio de dezoito andares, é seu grande sonho de consumo. O barco, construído na Itália e na Turquia ao longo de cinco anos, custou 130 milhões de dólares – com mais 20 milhões, Perkins poderia ter adquirido um jato 787 Dreamliner, o novíssimo modelo da Boeing. O interior do Maltese Falcon, evidentemente, oferece todas as amenidades que o dinheiro pode comprar, como átrios monumentais, paredes de couro e equipamentos eletrônicos de todo tipo. Sobre a mesa da sala de jantar, uma clarabóia de vidro se abre da mesma maneira que a íris de uma câmera fotográfica. Suas suítes podem abrigar até doze felizardos, que têm à disposição dezesseis tripulantes, na maioria serviçais. Agora, com este livro, Perkins se orgulha de mostrar ao mundo seu novo brinquedo.