BRASÍLIA - Depois da troca dos comandantes e em meio a uma crise sem precedente no setor aéreo, com panes suspeitas, a rotina de atrasos e cancelamento de vôos e as trocas cruzadas de acusações, o governo tem três anúncios oficiais a fazer na delicada área militar.
O primeiro é o nome do novo ministro da Defesa. Apesar da guerra por cargos, qualquer cargo, ninguém queria a Defesa, que parece amaldiçoada: os que foram colocados ali desde o governo FHC têm caído, um a um, ou por denúncias nebulosas, ou por inaptidão, ou por falta do que fazer. Lula está no quinto ano de mandato e entrando no quarto ministro da Defesa.
O segundo anúncio, entre terça e quinta, será daquela comissão interministerial criada lá se vão uns três bons anos para reunir e revelar os arquivos da ditadura. Somos todos ouvidos, porque é improvável que haja realmente muito de consistente para ler.
E o terceiro, a qualquer momento, é um que, esse sim, faz os olhos de generais, brigadeiros e almirantes brilharem: uma gorda verba para equipamentos das três Forças Armadas, especialmente para o sonhado projeto F-X, de renovação da frota de caças da FAB. Há quatro modelos no mercado, e o governo tende pelo russo Sukhoi, mais barato, mas com alto custo de manutenção, ou pelo francês Rafale.
O problema é como embrulhar tudo isso junto no mesmo presente para uma sociedade que olha torto para gastos militares e que espera, isso, sim, investimentos no sistema de tráfego aéreo. E a atualização dos radares e dos rádios? E o treinamento, a contratação e a remuneração dos controladores?
Se os grupos de trabalho para a questão aérea repetirem o ritmo da troca de ministro, da busca dos arquivos da ditadura e da análise dos projetos de reequipamento, aqui vai uma sugestão: espere sentado, ou sentada. Vai ser uma longa espera. Mais do que para viajar de avião.