sábado, fevereiro 24, 2007

PLÍNIO FRAGA O poder das mulheres

RIO DE JANEIRO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece disposto a perder a chance de tornar seu governo, se não mais competente, pelo menos mais divertido. Seria salutar para a pasmaceira das reuniões ministeriais a presença de Dilma Rousseff e Marta Suplicy, ombro a ombro, disputando espaço, divergindo ou convergindo, de olho numa eventual candidatura à Presidência em 2010.
Do que restou do PT, são dois de seus quadros mais interessantes, pelas qualidades e pelos defeitos. Seguiriam uma tendência de mulheres perto de chegarem ao poder, trilha de Hillary Clinton nos EUA e de Ségolène Royal na França, ou já na poder, como a chilena Michelle Bachelet. (Faltaria um negro brasileiro na disputa para fazer par com Barack Obama no cenário internacional -e, no governo brasileiro, só sobra Gilberto Gil com esse perfil).
É certo que o governo reeleito em 2006 nem começou, por inapetência presidencial, e falar agora da disputa daqui a quatro anos é quase desvario. Mas, em vez daquela fala macarronada do Guido Mantega e dos discursos cheios de ar do Henrique Meirelles, uma reunião com a Dilma repreendendo a Marta, ou com a Marta respondendo à Dilma, traria densidade, se não à discussão, ao menos ao ambiente.
Dilma tem 59 anos, Marta completará mês que vem 62. Mais do que da mesma geração, têm o mesmo estilo: mulheres que construíram sua carreira com discursos incisivos, com certo grau de altivez que se mistura à antipatia, abrindo espaços com o cotovelo se necessário. Nenhuma crítica aqui, basta lembrar Pelé contra o Uruguai em 70 -mesmo o craque pode ser obrigado a embicar para a vilania.
Talvez Lula tenha desistido de ter as duas lado a lado pelo trabalho que teria. Já contou que é Marisa quem faz suas unhas. Juntas, Dilma e Marta fariam barba e bigode.