BRASÍLIA - Embora não tenha faltado fé aos passageiros que lotaram os três principais aeroportos brasileiros nos dias que antecederam o Natal, faltou organização por parte da TAM, que deixou pessoas sem avião e sem informação, e fiscalização ao governo, que só interveio na empresa três dias depois de instalada a mais recente, neste ano, crise na aviação civil brasileira.
Confusões como as registradas nos últimos dias não aconteceram nem mesmo quando ocorreram as quebras da Varig, neste ano, da Vasp e da Transbrasil. E, ao que tudo indica, o drama vivido nesses dias pelos passageiros não teve a colaboração de controladores de vôo nem de eventual falha nos equipamentos de controle do espaço aéreo, envolvidos em outros episódios recentes.
Mas a falta de recursos, tanto para modernizar os equipamentos quanto para melhorar a remuneração dos controladores, é um fato na aviação civil brasileira. E um país que pretende ter um crescimento econômico mais acelerado não pode abrir mão desse setor que, ao lado do rodoviário e do portuário, é fundamental para melhorar a logística de transporte.
Além de mais recursos, é necessário que o governo atue não apenas como bombeiro para apagar crises mas principalmente por meio de um bom planejamento, o que permitirá usar o dinheiro disponível para prevenir problemas. As empresas, beneficiadas por uma concessão pública, também têm de ser responsabilizadas por seus erros. Regra que também se aplica à Anac, à Infraero, ao Comando da Aeronáutica e ao Ministério da Defesa.
Uma aviação civil que funcione adequadamente garante tranqüilidade e segurança aos passageiros e beneficia áreas como turismo e transporte de mercadorias. A desmilitarização do setor, proposta que deve ser discutida com seriedade, não é uma panacéia. É apenas uma das medidas necessárias.