Todas as eleições para presidente pós-ditadura militar tiveram suas marcas. Em 1989, eleger Collor foi para muitos trazer a modernidade ao país. Os eleitores pareciam cansados de Sarneys e Ulysses. 1994 foi a eleição da estabilidade econômica. 1998, a do medo de o Plano Real ir para a cucuia se FHC não fosse reeleito. Em 2002, a tal esperança de tempos novos na política com a vitória de Lula. Agora, há alguns rótulos possíveis para a quase certa reeleição de Lula. Primeiro, esta foi a campanha em que o PT rasgou a fantasia e se rendeu com gosto à "Realpolitik", num processo avançado de mimetização dos demais partidos. Outra marca da disputa atual é a incapacidade extrema das duas principais agremiações de oposição (PSDB e PFL) para dialogar com a sociedade. Tiveram quase dois anos de farto material para desconstruir o governo. Fracassaram de maneira retumbante. Finalmente, e essa é uma expressão batida, a eleição de 2006 dará início ao fechamento de um ciclo na política brasileira. Se vencer, no momento em que tomar posse, Lula começará a contagem regressiva para a sua aposentadoria. Mesmo que outro petista tenha êxito numa disputa pelo Palácio do Planalto, estará a léguas de distância da imagem pública que Lula construiu para si. Só para lembrar, antes de cair em desgraça, era Antonio Palocci o nome forte do PT para 2010 -não poderia ser alguém mais tucano. Por fim, a eleição de domingo será outra demonstração da paciência infinita do brasileiro. Em 2010, se der a lógica, o PT terá governado o país por oito anos. O Brasil terá 21 anos de eleições presidenciais diretas nas costas e ainda uma das piores distribuições de renda do planeta. Nesse ritmo, em uns 150 anos estaremos desenvolvidos. |