Folha de S. Paulo
27/9/2006
A falta que um Garotinho faz... Lamenta-se a turma de Alckmin, debruçada em contas, de olho num almejado tira-teima no segundo turno. Cálculos que já incluem até torcida para que chova domingo no Nordeste, a abstenção seja alta e os beneficiados pelos programas de transferência de renda se atrapalhem ao digitar seus votos nas urnas eletrônicas.
Em 2002, Garotinho empurrou Serra para o segundo turno. Em 1989, a briga entre Brizola e Lula levou o petista à decisão com Collor. Nessa eleição, as pesquisas têm mostrado que não vingou uma terceira opção competitiva como os dois ex-governadores do Rio nas outras disputas.
Heloísa Helena, que era para ser o fator Garotinho agora, em algum momento se perdeu e errou no tom de voz aos ouvidos sensíveis do eleitorado: ora soa alto e agressivo demais, ora, excessivamente maternal. A radical livre entrega a Alckmin pontinhos garimpados entre aqueles que já não queriam mais Lula de jeito algum. Tabelinha inútil para o segundo turno.
Se os alckmistas lamentam a ausência de Garotinho, o que restou do PT comemora a aparentemente única manobra bem feita pela "inteligência" da campanha: a cumplicidade com a cúpula do PMDB governista que tirou o ex-governador do páreo. Ali pode ter acabado o primeiro turno. Com Garotinho, foram embora pontos decisivos nas pesquisas para a oposição e uma certa facilidade em se comunicar diretamente com eleitores de Lula. Habilidade que falta aos discursos de Alckmin e HH até aqui.
A relutância do eleitorado consolidado por Lula em mudar de voto mostra que, de alguma maneira, o segundo turno dessa eleição está acontecendo dentro do primeiro, com o tucano fazendo, na última semana, um arrastão nas intenções de votos dos que são contra Lula.