Lula disse ontem que ganha no primeiro turno. O nervosismo do petista é sinal claro de que nada está ganho. Algum detalhe, ele sabe, pode fazer a diferença. Há muito a ser considerado. Lula é mais forte no Nordeste, onde o nível de abstenção é alto (a Bahia teve 25,3% de ausentes em 2002). Alckmin está melhor no Sul, região com eleitores mais politizados (só 13% dos gaúchos não votaram há quatro anos). A foto ou as imagens do R$ 1,7 milhão de dinheiro sujo usado na operação "dossiêgate" podem aparecer a qualquer momento. A lista de fatores imprevisíveis é enorme. A vantagem de Lula nas pesquisas talvez só sobreviva porque a campanha do tucano Alckmin tem sido incapaz de interpretar a mente do eleitor. Numa campanha, às vezes o detalhe é mais importante do que o todo. Em 2002, frases soltas acabaram com a candidatura do então emergente Ciro Gomes. Na semana passada, ocorreu um desses casos com Lula. A oposição praticamente desprezou o fato. Trata-se da propaganda com aplausos falsificados para o petista depois de um discurso realizado na ONU, em Nova York. É um episódio completo e acabado de mentira. Não há outra palavra para descrever a montagem. Lula faz um discurso e sua propaganda mostra uma platéia ficando de pé para aplaudi-lo. Mentira. A cena foi inserida. As palmas, na realidade, tinham sido para outra pessoa. É claro que o petista pode dizer que não sabia, repetindo sua estratégia à náusea. Mas as imagens são muito contundentes. Por que a oposição não usou tal fato, de facílima compreensão pelo eleitorado? Incompreensível. Talvez a resposta seja simples. Os tucanos parecem mesmo vocacionados para a derrota com Alckmin. |