quinta-feira, agosto 24, 2006

Eliane Cantanhede - Infidelidade



Folha de S. Paulo
24/8/2006

Depois das sabatinas com Sérgio Cabral (PMDB), Marcelo Crivella (PRB) e Denise Frossard (PPS), os principais candidatos ao governo do Rio, chega-se a duas conclusões: 1) nenhum deles tem a menor idéia de como combater a guerra civil no Estado; e 2) sem uma profunda reforma partidária, não há salvação. Eles são ótimos exemplos de que o país talvez precise mais urgentemente da reforma partidária do que da política. O momento é oportuno. A cláusula de barreira (mínimo de votos) deve inviabilizar siglas como o próprio PPS da juíza Frossard. A maioria dos partidos está atolada noPublishs escândalos do mensalão e dos sanguessugas. Ou seja: os pequenos podem morrer de inanição, por falta de votos. E os grandes estão ameaçados pela desmoralização e pela falta de programas e de unidade entre seus líderes -como o PMDB, que Frossard chamou ontem de "monstro prestes a implodir". Crivella foi eleito senador pelo PL, um dos partidos mais atingidos pelas epidemias tanto do mensalão quanto dos sanguessugas (17 deputados). Mudou-se com malas, bagagens, irmãos da Igreja Universal e o vice-presidente da República, José Alencar, para o recém-fundado PRB. E está com Lula, do PT. Cabral e Frossard foram tucanos. Ele concorre pelo PMDB, não tem candidato a presidente e está atrelado ao casal Garotinho (ex-PDT, ex-PSB). Ela foi para o PPS porque o prefeito César Maia (PFL) impediu que disputasse a prefeitura pelo PSDB e, hoje, está aliada justamente a Maia, com Alckmin. Aliás, sua chapa é PPS (ex-comunista), PFL (liberal, de direita) e PV (dos bem-intencionados verdes). Que bicho é esse? Resposta dela: "Mas ninguém é acusado de roubar". Num quadro assim, como falar em reforma política, especialmente em "fidelidade partidária"?